Mark3r nos Tímpanos
publicado por Anónimo

Olá pessoal, tal como na minha primeira incursão pela galaxia da música neste blog, ficaram logo a perceber que as minhas intervenções aqui se irão pautar por trazer sons e bandas, que de certa forma ficam fora do "mainstream", claro que tudo isto é beaseado num gosto pessoal, se um dia destes me der na cabeça de me pôr aqui a descorrer sobre Pink Floyd fá-lo-ei sem problemas, mas isso fica lá para a frente...
Isto de escrever sobre música tem que se lhe diga, porque entramos sempre no dominio dos gostos, o post sobre covers do Aza Delta é o perfeito espelho disso, no meu caso nada a esconder, ainda que já vá na segunda metade dos trintas, os meus gostos musicais não ficaram lá atrás, perdidos na adolescência dos anos 80, na rebeldia dos 90, etc.
Antes pelo contrário, a ideia que fica é que tudo o que ouvimos e ajuda a construir a nossa estética musical, acaba por nos enriquecer a personalidade e a obrigar-nos a manter uma mente aberta para o que de novo vai aparecendo.
Lógicamente não renego que as minhas grandes referências estão nos anos 80, bandas como Marillion, Jesus and Mary Chain, Siouxie and The Banshees, Joy Division, Pink Floyd, Ac/Dc, Maiden, Sisters, Guns, Skid Row, etc, fazem parte do que eu sou e essa é uma componente que ainda que quisesse não podia separar de mim.
No entanto, sobre as bandas atrás referidas e muitas outras que deixei de fora, já muito se escreveu, já muito se sabe e ainda por cima temos um cronista para os anos em questão, sim, porque aquando da formação deste blog, eu avisei logo que não viria aqui fazer o papel de "cota" e escrever que antigamente é que era bom e agora não vale nada, recusei liminarmente limitar-me ao passado...
Em conclusão e sobre os meus gostos, posso dizer-vos que a minha banda preferida é Radiohead, seguida de muito perto por Placebo, no entanto movimento-me muito dentro dos circulos góticos (metálicos ou não), Death Metal e música alternativa, com o tempo vocês vão perceber.

Mas sobre nada do atrás descrito venho aqui apresentar seja o que for, hoje, resolvi fazer este post, em sequencia de uma troca de ideias com o Aza Delta dois posts abaixo, em que ele basicamente considera que misturar RAP com música pesada é ser Rage Against The Machine "wannabee" (não é bem isto, nem pretendo entrar em confrontos com o Aza, mas o residual que fixei nas palavras dele foi isso), simplesmente agarra-se a ideia, pensa-se um bocado e quando se tem opinião contrária, nada a fazer, tem que se meter a colherada, como tal passemos ao primeiro exemplo...

Atari Teenage Riot...

Esta é uma banda que pouco ou nada diz à maioria das pessoas, pior, é uma banda que após primeira audição, mesmo porque não se espera, se detesta, mas é como o slogan publicitário, primeiro estranha-se, depois entrenha-se.

Os ATR são uma banda alemã formada em 1990 na cidade de Berlim, que inventaram um estilo chamado Digital Hardcore, o que é Digital Hardcore? Basicamente é uma mistura de Punk, Techno, Rap, musica industrial, e sobretudo muita raiva.
Mas vamos às origens da banda e perceber de onde vem tudo isto, estamos em Berlim 1990, o muro acabou de cair, a Alemanha está outra vez reunificada e os movimentos Neo Nazis começam a proliferar como cogumelos, as bandas de ódio estão na moda e velhos hábitos estão de volta, no entanto, um grupo de berlinenses,

(nem tanto, a banda é miscigenada


, mas já lá vamos)

composto por Alec Empire, Hanin Elias e o MC Carl Crack
formam uma banda anarquista para dar resposta ao techno Nazi que estava tão em voga nas pistas de dança alemãs "underground" na altura, um dos seus primeiros exitos chamado "Hunt down the Nazis", cria logo grande polémica na Alemanha, pois tirando o "underground" onde o som Nazi/Techno era preponderante, o normal era manter as pistas de dança sem vertente politica, mas a verdade é que a música dos ATR ultrapassou esse Ghetto e se tornou algo visivel a nivel nacional.

Afinal, tanta conversa, mas que trazem estes gajos de novo?

Meus amigos, quando me perguntam sobre Atari Teenage Riot, a minha resposta é sempre a mesma, ponham Nirvana dos tempos áureos, junto com a rebeldia de Guns, mais a militância de Rage Against the Machine, todos num saco, misturem e mesmo assim todos juntos ao pé dos ATR não passam de meninos de coro ;)


Em 1993 a "Major" Phonogram Records interessa-se pela banda e oferece-lhes um bom contrato, mas o facto é que os ATR continuam a fazer apenas a sua música e não conseguem entregar à companhia uma demo que a mesma ache suficientemente comercial para publicar, a Phonogram resolve deixá-los cair, mas com a indemnização paga à banda por quebra de contrato, os mesmos de forma inteligente, usam esse dinheiro para começar a sua própria editora e a partir daí estão libertos do estigma comercial.

Numa altura completamente dominada pela onda de Seattle, com Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains, Candlebox e outros à cabeça, em que apenas os Guns e Metallica sobreviviam fora desse rótulo, os ATR tornam-se uma banda de culto, em minha opinião, lugar errado na época errada, mas a história é assim mesmo, feita de azares...

Em 1997, durante uma digressão pelos EUA recrutam o último membro da banda, a artista japonesa/americana, Nic Endo, especializada em sons alternativos e noise e que traz uma presença em palco, que aliada à beleza de Hanin Elias também ela de ascendência Siria, dá um efeito à banda completamente fora de qualquer coisa já vista, Nic Endo usa sempre a cara maquilhada completamente de branco, com o carácter japonês que quer dizer resistência desenhado no lado direito da face.

A partir dessa altura o som dos ATR torna-se ainda mais agressivo e a banda começa a levar o experimentalismo da sua música ao máximo, os Atari Teenage Riot acabam em 2001 devido à morte por overdose do seu fundador Carl Crack, que nunca sequer tentou lutar contra o vicio que tinha.

Deixo-vos antes mesmo de qualquer video a sério da banda, imagens dos mesmos a iniciarem um "riot" (motim) em Berlim, 1999, numa manifestação Anti-Nato, reparem como a banda nunca pára de tocar, não páram de incitar as pessoas à revolta e lógicamente acabam presos ;)




Agora um classico para fãs, Sick To Death



E claro, o hino do último álbum da banda, e talvez a melhor malha deles, Too Dead For Me




Ficha Técnica:

Atari Teenage Riot
Fundação- Berlim 1990, último ábum em 2000, fim anunciado em 2001
Membros- Carl Crack, Henin Elias, Alec Empire e Nic Endo


Discografia:

Albuns:
Delete Yourself! (originally titled 1995) (DHR 1995)
The Future of War (DHR 1996)
Burn, Berlin, Burn! (Grand Royal 1997)
Live in Philadelphia - Dec. 1997 (DHR 1998)
60 Second Wipeout (DHR 1999)
Live at Brixton Academy (DHR 1999)
Redefine the Enemy - Rarities and B-Side Compilation 1992-1999 (DHR 2002)
Atari Teenage Riot: 1992-2000 (DHR 2006)


E pronto, já vos martelei os tímpanos com mais coisas estranhas e mais barulho...
Até à próxima onde voltarei aqui com algo que ningúem gosta, mas fica a conhecer ;)
Como eu disse lá em cima, ATR é o primeiro exemplo de como música de fusão pode resultar em algo inovador, preparem os tímpanos porque o que aí vem pode rebentar...

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Anonymous Anónimo: "Cota" de idade mas não de espírito, não é Mark3r? ;)

Este tipo de som não tem muito a ver comigo, sou mais do tipo melódico, mas ouve-se minimamente bem.

Fico à espera de mais musica alternativa!

[]'s 02/03/07, 15:29  

Blogger Diogo Azevedo: Parece música japonesa! (e isto é um elogio) Muito maluco e alternativo. Já tinha ouvido falar da banda mas nunca a tinha ouvido e realmente é de uma pessoa se passar só de ouvir! 02/03/07, 23:17  

Blogger Talionis: Está aí algo de interessante, mas não para mim. Mas de facto é um bom exemplo de fusões que funcionam. 02/03/07, 23:43  

Blogger Unknown: Didi, de facto a presença da Enic Endo, trouxe à banda essa tal vertente japonesa encontrada nas bandas niponicas tanto techno como industrial, eu tb considerei logo a afirmação como um elogio ;) 03/03/07, 00:23  

Anonymous Anónimo: Ao ouvir a "Too Dead for Me" a primeira impressão que tive foi "Isto parece um remix de uma música Punk dos anos 70". :D
Está engraçado. Gostei da estética e da rebeldia - embora ache (pessoalmente) que apelar a motins é uma coisa 'démodé'. :P
No ambiente certo esse som deve ouvir-se muito bem, e digo desde já que só não me cai melhor no goto por não ser exactamente a minha onda.
Mas hei-de procurar mais coisas deles por aí. Terá é que ser no 'sítio do costume', porque ainda ontem quando fui à FNAC não havia rigorosamente nada de Atari para poder ouvir. 03/03/07, 10:38  

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