Pink Floyd x2
publicado por Diogo Sequeira

Fã incondicional da banda britânica, não poderia deixar de escrever alguma coisa sobre uma das minhas maiores influências a nível creativo; tal como em relação à personalidade que me tem ajudado a desenvolver e a completar, como também à revolução nos meus gostos musicais que propiciou. Para além da banda incontornável no cenário do Pop/Rock Internacional; para além de ser um dos colectivos-chave do chamado rock progressivo; para além de terem inovado o conceito de espectáculo musical, e ainda para além de apresentarem uma identidade única quer nas composições, quer no nível complexo e intimista, até filosófico, das letras; destaco o apreço pelo conceptualismo das suas obras, como uma caracteristica importante que nos ajuda a definir esses grandes monstros do rock, tal como entendermos o porquê de serem considerados uma banda de referência obrigatória na história da música. Apesar de ter Syd Barrett e a fase mais psicadélica da banda (The Piper Gates Of Down-Meddle; apesar destas influências musicais, não só imprimidas pelo fantasma “Barret” ao longo de todo o trajecto da banda, poderem ser encontradas quase em todos os àlbuns) como a minha preferida, considero, a par de muitos críticos, que a melhor fase fos Pink Floyd corresponde ao intervalo entre 1973 e 1979, onde se registaram, para além das digressões históricas, dos espectáculos mais memoráveis, juntamente com o reconhecimento comercial da banda (Money e Wish You Were Here são os primeiros singles desde Lucifer Sam e Mathilda Mother – ambos do seu álbum de estreia), os trabalhos mais sólidos da banda, que apesar de continuar a viver num equilibrio palpitante sobre o confronto dos dois génios: Roger Waters e David Gilmour, alcança aqui a sua fase mais sóbria e madura. Encontramos para além dos dois “marcos musicais” que vou analisar levemente, o magnífico Wish You Were Here (1975), e o mordaz Animals (1977), aquando do alinhamento clássico do grupo (Roger Waters, David Gilmour, Rick Wright, Nick Mason).

Enquanto que Dark Side Of The Moon (1973) surge como um autêntico “tour-de-force”; fruto de um extraordinário trabalho de ourivesaria em estúdio, prensado um conjunto delicioso de canções, que ao mesmo tempo se revelam como peças de um puzzle, que apesar da beleza ofuscante de quase todas as suas peças, se revela sempre incompleto quando não é escutado no seu conjunto, sequencialmente, tratando-se este de um dos àlbuns mais conceptuais da história do rock, não na medida exacerbada e visionária do seu contemporâneo, The Wall (1979), mas de uma forma subtil e bastante lúcida. Discursando numa perspectiva interior sobre o estado actual da humanidade; com uma tendência ligeira para a previsão, aliada ao estudo das pressões sociais e civilizacionais exercidas sobre o indívido comum, Dark Side Of The Moon apresenta-nos para além de um conteúdo lírico absolutamente paranormal, metafórico e sublime; uma mescla de blues rock com trechos de música electrónica (reforçando algumas linhas discursivas utópicas em faixas como o reeditado “Any Colour You Like”, ou “On The Run”), para além de outras influências, nomeadamente, psicadélicas e progressivas. À excepção do radio-hit, “Money” (por sinal, uma bluesy belíssima canção...), todas as músicas se enquadram perfeitamente umas nas outras num todo sequêncial, que percipitam uma obra de conteúdo transcendente e tocante, cuja aceitação crítica, obteve um paralelo no seu estrondoso sucesso comercial, que não conhece barreiras temporais, nem espaciais (Record de parmanência na Billboard. O terceiro àlbum mais vendido no mundo inteiro). Não posso deixar de referir a beleza e profundidade, que apesar do patamar elevado em que se encontra integrado, sobressai, da faixa “Time”. Uma boa música de introdução aos novatos de Floyd, tal como à atmosfera do próprio àlbum.

“Está bem equilibrado e bem construído, dinâmica e musicalmente e eu acho que o humanismo apresentado é bastante apelativo. É satisfatório. Penso também que é o primeiro álbum deste género. As pessoas citam muitas vezes S F Sorrow dos The Pretty Things de serem de um molde similar - foram feitos no mesmo estúdio e sensivelmente na mesma altura - mas eu penso que terá sido provavelmente o primeiro completamente coerente que foi feito. Um álbum conceitual, amigo! Sempre pensei que teria um êxito extraordinário. Tive o mesmo pressentimento em relação a The Wall. [...] mas claro, "Dark side of the moon" acabou com os Pink Floyd de uma vez por todas. Ter tanto sucesso é o objectivo de qualquer grupo e quando o atingimos, é o fim. No meu ponto de vista, eu acho que os Pink Floyd acabaram há tanto tempo como isso.” Roger Waters

Como podemos compreender, até por parte dos próprios autores (que por sua vez se traduz numa unanimidade crítica nestes casos, normalmente), tanto Dark Side of The Moon, como The Wall são duas proturberâncias no “editado discogrófico” dos Floyd. Para além do sucesso comercial, que não passou em nada por facilitismos ou por um processo de aligeirar a mensagem ou de torná-la mais acessível (o sucesso encontrou-os, e aí reside um dos meus pontos de grande simpatia pessoal e admiração pela banda), há em comum o sentido conceptual das obras, tal como uma pretensa prospecção metafísica (mais verificável em DsotM) e multidimensional, como a exploração do visual, suporte da mensagem e um reforço creativo dos mundos românticos e analíticos de Waters, que atinge o máximo da sua arte em The Wall: Uma autêntica ópera-rock que gira à volta de temas abordados anteriormente numa fase mais abstracta, que ganham expressão nas aventuras emocionais, dentro e fora do ego social de uma “espécie de criança”, eternecida e repelida pelo muro (Wall), alegoria morta do dito “sistema”, e de uma sociedade futurista de contornos negros, partilhando fundos com obras literárias como 1984 de Orwell ou Admirável Mundo Novo de Huxley. Este, é citado como a pedra que vem fechar as relações Waters-resto do grupo, na medida em que para além das letras terem sido exclusivas do baixista e membro fundador da banda, albergava um extenso e pretensioso conceito, inovador, é certo, como pretexto para a elaboração de um disco rock, que encontrou na digressão homónima, tal como no filme de Alan Parker, paralelos de expressão, que permitiram um isolamento ainda maior de Waters em relação à banda, até pelo facto de terem aberto portas para o escritor/compositor de excelência que continua a ser. Um disco magistral, que contou com “Another Brick in The Wall: Part II” para o sucesso imediato, quer na MTV, que nas rádios, a par de “Confortably Numb”. No seu todo, é um projecto imenso, que conta com uma diversidade de ritmos e melodias, tal como de atmosferas diferentes, inevitavelmente análogos à história que pretende recrear. Não tenho preferência particular por nenhum dos dois, apesar de, obviamente estarem entre os meus discos preferidos, quer dentro do universo extenso que significa Pink Floyd, do príncipio ao fim, como no geral, atendento á história da música. Espero que tenham gostado, e que se não tiveram ainda oportunidade de ouvir, que o meu post tenha servido de alguma forma como um “sedativo aliciante” para que o façam. Cumprimentos.




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Blogger Aza Delta: Os Pink Floyd são uma das minhas bandas preferidas de sempre, assim como Dark side of the Moon, The Wall e Wish you were Here estão no meu lote de álbuns preferidos.

Bom post. 16/09/07, 23:03  

Blogger Lex: Banda imortal, sem dúvida. Reconheço-lhe a qualidade e o mérito, ainda que não faça parte das minhas playlists habituais. 17/09/07, 10:42  

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