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Pit of Glory #6
publicado por ZePedro ![]() Boas! Mais uma vez, espero que tenham passado uma boa semana, e que estejam a apreciar, a nova cara do blog, e preparem-se, pois vêm ai, muitas surpresas! Hoje, enquanto estava com os fones nos ouvidos , veio-me esta ideia à cabeça e então hoje eu vou explicar, como é que a música entrou na minha vida. Bem, esta é a história da minha vida musical: Na altura o meu pai era baterista, e eu perguntei, porque é que ele gostava tanto de música? (atentar que era um puto, de 6 anos, e para mim música era uma coisa normal, que não me dizia nada…bastou mais um ano para perceber a resposta do meu pai!), e a resposta do meu pai, foi a seguinte frase: “A música eleva os sentimentos mais profundos do ser-humano”. Bem, aquilo ficou-me na memória, e todos os dias, pensava naquela frase, como se uma bomba tivesse atingido o meu mundo de criança, sabia que havia ali algo de especial e melódico naquela frase. Então chegou a altura do meu aniversário, e os meus pais vieram-me perguntar o que queria como prenda, ao que eu na altura, um fedelho, respondi prontamente: “Uma BATERIA!!!” Ainda hoje me lembro da cara dos meus pais, quando ouviram a resposta, estavam ali a olhar de olhos bem arregalados, e o meu pai de boca aberta, a pensar que eu estava na brincadeira! Resta dizer que recebi a dita cuja da bateria, e a técnica foi-se aperfeiçoando. Ganhei ainda algumas distinções e cheguei inclusive a tocar com o meu pai num espectáculo! Mas depois veio, uma época complicada, pois o meu pai deixou de tocar bateria, e parecia que andava deprimido (afinal, quase 20 anos a tocar bateria e parar de repente! ), o que resultou numa “paragem musical” na família. Eu refugiei-me nos leitores de cassetes, e andava um pouco “desnorteado”, pois também não tocava bateria por uma espécie de respeito ao meu pai (ok, eu nessa altura era um adolescente com pena do pai! xD). Mas um dia aconteceu uma autêntica reviravolta na minha vida musical… Ia pelas ruas da minha pequena terrinha, e ouvi um som que apreciei bastante e parece que despertou alguma coisa cá dentro, era um sentimento tão inexplicável, mas ao mesmo tempo, estranhamente agradável, como se me tivesse soltado de alguma espécie de jaula. Então, nem pensei duas vezes (aliás, nem pensei uma sequer!) e segui a melodia. Era um senhor de cor, de seu nome José, que estava a tocar guitarra. Eu admito, nunca vi ninguém tocar guitarra com tanta paixão como ele, parecia que fazia aquilo desde sempre, saia-lhe melodia a cada toque leve na guitarra, e emanava uma espécie de energia fantástica. (e olhem que não estou a exagerar com a descrição!). Enfim, depois de ver aquele senhor a tocar, decidi que era aquilo que eu queria fazer para a vida (mas os estudos sempre à frente é claro!), não como um “hobbie” mas como uma verdadeira paixão. Então resolvi inscrever-me nas aulas de guitarra, e surpresa das surpresas, quem era o professor? (vá respondam lá em coro…) O Sr. José!!!! ![]() Todos os dias treinava, montes de vezes, caía-me a pele da ponta dos dedos, tinha bolhas…uma vez até fui parar ao hospital, porque desmaiei, por tocar tanto tempo que o corpo acabou por ceder. Mas esse sofrimento todo, tinha um “sabor” doce, pois eu adoro a música, aliás, todos nós temos noção que um mundo sem música não é possível! Tive uma evolução tremenda…após 6 meses de aulas, já tocava tudo o que aparecesse a frente. Mas depois, como tudo na vida, a paixão foi passando, passando, até quase já não existir… MAS (há sempre um “mas”… =D)… Um dia o telefone de casa toca, era um Sr. chamado José, que estava excitadíssimo com uma ideia que tinha na cabeça, e a ideia era a seguinte: Dar um espectáculo de guitarra, para os estudantes mais novos, que pareciam estar um pouco desinteressados quanto ao mundo musical, e eu, disse-lhe que não, que já não tocava a muito tempo, bla, bla, bla…. Mas, cá dentro de mim, havia algo que estava a fazer o coração bater mais depressa, parecia um instinto, passados alguns segundos, a única coisa que se ouvia na sala da minha casa era um grande e sonoro: “Pum-Pum-Pum-Pum”, parecia que me ia saltar o coração. Então, movido pela minha mente, encaminhei-me para a arrecadação e procurei, o objecto que melhor me define…e assim que lhe toquei, um arrepio gélido percorreu a minha espinha, e logo a seguir puxei da "Gibson" cá para fora e desatei a mandar "riff’s" espalhafatosos, que a vizinhança toda ouviu. Aquela sensação de poder, que dizem que só um guitarrista pode ter, voltava a correr-me no sangue. Então peguei no telefone, e de tão apressado que estava a marcar o número, enganei-me montes de vezes, até que lá acertei, e digo imediataente ao Sr. José: “Sr. Zé, o convite ainda está de pé? Então prepare também uma bateria e o baixo, que eu levo 2 surpresas comigo!” Chegou o dia, da apresentação e eu tinha treinado, 24 horas sobre 24 horas, e foi uma tarefa dificílima convencer o meu pai a tocar uma vez mais na bateria,e o meu irmão até que foi fácil pô-lo no baixo, mas enfim…! Era uma noite quente de Verão, as crianças, acompanhadas pelos pais, abarrotavam a pequena sala improvisada pelo Sr. José, estava nervoso, uma actuação, mais uma…já tinha tido tantas, mas este era o momento, era a altura certa para começar de novo. Uma senhora veio dar a abertura do espectáculo, mas foi calada pelo som estridente de um baixo que parecia chorar nas mãos do meu irmão, e então, atrás das cortinas, olhei para o meu pai e para o meu irmão, e pensei: “Bem…"ROCK ON!” Se eu pudesse escolher momentos chave da minha vida, este seria dos melhores deles de certeza! O jogo de luzes era espectacular, o meu pai, parecia um autêntico “Lars Ulrich” na bateria, o Sr. José optava por uma postura mais séria, mas via-se claramente um sorriso no canto do rosto, enquanto dedilhava a sua guitarra, o meu irmão estava no meio do público a tocar baixo, e eu aos pulos no palco e admito, nunca, mas nunca toquei da mesma maneira que toquei naquela noite, foram 3 horas de pura música, e no final, todos os miúdos me vieram pedir que lhes assinasse as suas guitarras, e que lhes ensinasse alguns truques, enfim…fiquei com um gostinho do que é ser uma "rockstar". Apartir daí, tenho feito alguns espectáculos em bares, como uma espécie de “part-time”, pois o trabalho, não permite mais! :S Se algum dia, ouvirem um guitarrista a dar show em algum bar, cheguem-se à frente e oiçam, pois posso ser eu, e nesse caso, puxem uma cadeira, e apreciem! :D Cá eu, todos os dias olho para o telefone, à espera do próximo telefonema do Sr. José! =D P.S.-> Já agora, deixem também aí a vossa história musical! “A música eleva os sentimentos mais profundos do ser-humano” ![]() Escolha da Semana: Numa altura em que parece que toda a gente se voltou a interessar nos Guns, aqui vai a minha predilecta deles: Guns and Roses: Knocking on Heaven's Doors; Página Inicial
Unknown: Penso que este "post" introspectivo de um dos nossos melhores cronistas, sintetiza bem a essência deste blog...
Há muita gente por aí a escrever sobre música, mas por favor, mostrem-me uma crónica ou um texto capaz de ter tanta empatia com o público, de explicar desta formas às pessoas o prazer que existe em fazer música. Este blog chama-se Galaxia Musica, este blog é único, é com este tipo de qualidade que podem contar sempre, é para isto que aqui estamos todos. No momento, são poucos mas bons a ler-nos, no momento há uma imensa minoria privilegiada porque vem aqui e os outros não... Fantástico texto e sou sincero, tive que fazer uma revisão e corrigir as "gralhas" todas, percebo perfeitamente, um texto deste calibre, sai do fundo da alma, escreve-se e nem se revê, publica-se. Acho que esta leitura é simplesmente fascinante para qualquer um, para gajos como eu, que nem um apito sabem tocar, é fantástico, para músicos, é a identificação total, pois já terão sentido tudo o que aqui é descrito. Esta é qualidade que puseste na tua escrita, esta é a qualidade manter, agora aguenta-te. Quanto à escolha da semana, foi bom, eu coloco o MP3, mas olha que isto não é o original, o Dylan fez melhor, muito melhor... ;) 03/11/07, 07:55 : Boa cronica..smp agradavel de ler,parabens! So uma coisa,um video apenas dos Guns n' roses nao basta..um concerto ao vivo deles e a sua historia,era fenomenal..!!São simplesmente brilhantes e tomara um dia eles reunirem-se novamente, so por uma noite..era o viver d um sonho.. Gostava tb d fazer parte do galaxia musica,da -me prazer escrever sobre musica,mas tenho receio que o meu dia a dia interfira para a realização das cronicas! Parabens!! 03/11/07, 23:39 Lex: "A música eleva os sentimentos mais profundos do ser humano" Então é daí que isso vem! :-) Tem ainda mais significado do que aquele que eu imaginava. Grande história, e um amor à música lindo de se ver. Pessoalmente não sei como seria ter-me iniciado na música desde o berço. Os meus pais são a coisa menos musical que se possa imaginar (no que respeita a tocar alguma coisa). Quando eu tinha 9 anos puseram-me a ter aulas de piano. Eu gostava daquilo e até tinha jeito para a coisa. Cheguei a tocar para o público algumas vezes, por pressão da professora... e foi à 3ª, já com 15 anos, que me recusei a prosseguir com as aulas. Depois de sair do palco, despedi-me dela com um 'até amanhã', mas nunca mais lá pus os pés nem dei satisfações. Não havia volta a dar: eu tenho pavor do palco e não suporto estar em frente a tantos olhos fixos em mim. Não que algo tivesse corrido mal, toda a gente adorou o que eu toquei... mas a maneira terrível como eu me sentia sempre antes e durante a actuação não justificava o resultado. Desde então quase nunca mais toquei nas teclas. Ainda tentei pegar por mim numa guitarra acústica, mas não fui muito longe. Talvez um dia eu consiga vencer a aversão ao piano... Afinal, ele não teve culpa nenhuma e continua cá em casa. A ligação disto tudo ao Metal está onde? Em lado nenhum, eu nunca toquei nada para além de composições clássicas, e fui ter a este género musical quase por acaso e sem ajudas de ninguém. No entanto hoje em dia, por ainda me lembrar delas, é-me mais fácil compreender o que o Metal tem a oferecer, para além do que a maioria dos ouvintes poderá captar. Porque como eu disse na minha última crónica, o Metal tem tudo a ver com a música clássica. 04/11/07, 13:17 |
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