... and Metal for All: F.N.I.
publicado por Lex Eles são feios. Eles são maus. Eles são uns hereges e levam para o palco dançarinas de carácter duvidoso. São portugueses, andam aí há mais de 15 anos, mas os seus longos períodos de inactividade têm-lhes custado o possível e merecido reconhecimento por parte do público. São uma pérola por descobrir e fazem parte dos meus favoritos há já algum tempo. São eles os Filii Nigrantium Infernalium, que é como quem diz "os filhos das trevas infernais", e aviso desde já que esta banda não é aconselhada a meninos/as, beatos/as, freiras, talvez seja a padres mas não certamente à generalidade das pessoas tementes a Deus que tenham sensibilidades susceptíveis de serem feridas. Definem-se a si próprios como "anarco-black Metal satânico", mas como isso já são adjectivos a mais para a minha tolerância quanto a rótulos, defino-os eu - com base no que ouvi deles - como black Metal, e chega-me. Mas um black muito aproximado à tradição do old-school heavy ou mesmo ao hard rock, devo dizer. É impossível escutar-se certas músicas e não se pensar "Eh, isto é Maiden?". Só que há algo que os distancia desse heavy: a voz. E é importante, neste ponto, falar sobre ela e alertar o ouvinte incauto para a peculiaridade da mesma. Belathauzer, Andremon, Hellregni e Gorg (a.k.a. Rolando Barros dos Sacred Sin) são o line-up actual da banda, após bastantes alterações, saídas e regressos ao longo dos anos, mas outros nomes passaram já pelas trevas infernais. Admirem-se: Ares, antigo membro dos Moonspell, já foi Tetragrammaton, o baixista de Filii em 1988, e tanto Mike Gaspar como Ricardo Amorim e Fernando Ribeiro (preciso dizer que são os actuais baterista, guitarrista e vocalista de Moonspell?) chegaram a participar num espectáculo ao vivo, em 1993. Concerto mítico, diz ainda hoje quem lá esteve; o primeiro de black Metal de sempre em Portugal, diz Belathauzer. É vê-los aqui como Nisroth, Mantus e Langsuyar, de corpse paint na cara e - uma mera curiosidade - com o mesmo medalhão usado no recente espectáculo do Coliseu de Lisboa ao pescoço. Mas mais do que nesse concerto, os músicos de Moonspell participaram também em "Os Métodos do Pentagrama", demo gravada nesse mesmo ano, e em um ou outro tema avulso. Pode dizer-se que há ali uma ligação quase desde a 'infância' destes senhores todos. A temática abordada não é muito diferente da usada nos temas mais antigos. Aliás, FNI pouco variam nesse aspecto: sentem-se bem com a sua contemplação confusa (será?) e distorcida de Deus, da Virgem e da santa madre igreja, com as suas constantes blasfémias e invocações de Baco e da Besta (que adquire muitos nomes), e não pretendem mudar. "Deo Gratias" e "o cabr*o" são dedicatórias divinas que se podem ouvir normalmente num concerto seu, que se poderia até equiparar a uma autêntica celebração eucarística. Distorcida, obviamente. Nada bate a bela da calça elástica à leopardeza... :-DQuanto à música em si, esperem uma mistura saudável de black com thrash e heavy Metal, tudo cantado em português, note-se. Embora o aspecto da banda o possa dar a entender, o som não é do mais extremo que por aí anda e ouve-se muito bem. Pelo menos até entrar a já referida voz peculiar do Bela... Aí é por conta e risco de cada um. :-D Nada de grafismos manhosos à boa moda do underground, este é um digipack como deve ser. E ainda traz a discutível mais-valia de ter as letras espelhadas, como na edição especial do 'In Sorte Diaboli' dos Dimmu Borgir, só que neste caso não há espelho para ninguém. Tenho pena que Filii não apostem mais em gravar, em aparecer ao vivo, em dar-se a conhecer. Não sei que questões haverá por detrás dessa opção, ou talvez seja apenas o mercado que não está preparado para eles... é uma forte probabilidade. Mas é uma pena, especialmente ao vivo, onde ganham um brilho especial. Tive oportunidade de os ver em Outubro de 2006 no falecido Hard Club, e deve ter sido dos concertos que me trouxe maior boa-disposição, no fim. Belathauzer é um frontman único, com um humor muito típico (que, aliás, podem ver no site oficial da banda, através de textos um tanto ou quanto... peculiares. Para serem lidos com uma abertura de espírito especial, digamos assim) e com uma figura mais caricata ainda: "Calypso", ao vivo nesse mesmo espectáculo. De referir igualmente (para além da inesquecível calça à tigreza), o elemento extra-banda que leva o público masculino ao rubro (nunca vi tanto telemóvel no ar ao mesmo tempo, quase como que sincronizados), e o feminino quase às lágrimas (de riso): a dançarina que ilustra o tema "A Forca de Deus", devidamente apetrechada com um crucifixo que... Encurtando a descrição e porque nunca se sabe se haverá aqui famílias a ler: não me admirava muito se em próximos concertos alguém se lembrasse de obrigar a organização a pôr uma bolinha vermelha no canto superior direito do palco. Pass: a mesma de sempre - galaxiamusica.blogspot.com
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Sea B. A.K.A. Timba: Filii. O que há para dizer que a lex não disse? praticamente nada. Pessoalmente sou seguidor da banda à pouco tempo e ainda só tive a oportunidade de ver o Bela ao vivo em colaboração com os Omission.
Novidades do reino das trevas tenho algumas. O line-up voltou a mudar (o Rolando e o Adremom sairam mas já foram substituidos). Os filii têm duas malhas na soundtrack de um filme... porno... Lol! e em principio vão lançar um novo E.P. no final do ano tal como vão mandar cá para fora uma nova edição do Fellatrix em vinil (50 cópias serão em Picture Disc). Concertos é que ainda não ouvi falar de nada... 25/01/08, 20:18 Lex: Nem de propósito, soube agora que está previsto o regresso aos palcos lá para Abril. :-D Óptimas, excelentes notícias! 25/01/08, 22:38 Talionis: A minha experiência com Filii resume-se ao concerto que referes nesta crónica. Na altura eram uns perfeitos desconhecidos para mim, mas só por eles essa noite valeu bem a pena (que inclui também WAKO e Holocausto Canibal). Lembro-me que WAKO tinham aberto bem a noite, mas um concerto apenas mediano (e não estou a dizer que foi mau). Holocausto foi mais um momento de comédia que qualquer outra coisa (novamente, não é uma crítica negativa). Mas de Filii gostei de tudo: a qualidade musical, o diálogo com o escasso público, o entretenimento geral. Um concerto como todos deviam ser, e fiquei fan. Quando voltarem a tocar para estes lados lá estarei, sem qualquer dúvida. E gostei também de saber mais sobre eles. Como aliás já tens vindo a fazer com mestria ;) 28/01/08, 00:16 |
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