... and Metal for All: The Vision Bleak
publicado por Lex

Está na altura de vos apresentar um dos que escolhi como melhores álbuns de 2007 mais a fundo. No balanço geral falei dele por alto mas é uma obra que merece um comentário mais cuidado: "The Wolves Go Hunt Their Prey", dos alemães The Vision Bleak.
Quem for naturalmente avesso áquilo a que se convencionou chamar de Metal gótico, pode ir ali tomar um cafezinho e voltar na próxima crónica, que isto hoje está por conta de dois senhores que prezam muito vestir-se como o Bram Stoker e contar histórias de assombrar.
Mas desengane-se quem estiver já a pensar que o som deles é algo semelhante ao de uns HIM - ou pior, de uns My Chemical Romance. Nunca na vida. E podem ficar descansadinhos que eu não pretendo chamar aqui tais fenómenos, deixo-os para quem saiba falar deles.
Em suma... talvez seja melhor ficarem por aí, podem até gostar disto. "Não neguem à partida uma ciência que desconhecem", já a outra dizia.

Sabem aquela situação em que olhamos para uma coisa mas não a vemos? E que é preciso voltarmos a cabeça para ela uma segunda vez para realmente darmos conta do que temos à frente? Foi isso que se passou comigo quando ouvi pela primeira vez The Vision Bleak. Quando um colega meu mos apresentou, ainda com o álbum anterior, "Carpathia", impressionou-me a elaboração e o cuidado postos no aspecto visual, mas não achei a música em si nada de especial. Ouvi uma ou duas vezes e larguei.
Até ao dia em que soube que eles tinham novo álbum cá fora e decidi arranjá-lo para esse meu colega ouvir. Fatalidade do destino, ouvimo-lo ao mesmo tempo... e gostei. Gostei mais a cada audição, até conquistar gradualmente um lugar no meu top do ano.
Mas afinal quem são estes gajos? São uma coisa a sério, ou apenas uns "pseudos" quaisquer armados em devotos de Anne Rice, tentando talvez cativar os favores de miúdas com fetiches vampirescos? Digo isto assim abertamente porque foi mais ou menos o que me passou pela cabeça antes de os conhecer melhor: "Bah, que palhaçada!". Depois da devida apreciação da sua música posso até continuar a achar que as suas opções estéticas têm por finalidade obscura cativar os tais favores de miúdas com fetiches vampirescos, mas não me rala nadinha. Desde que o som continue bom, é o que me interessa.
E porque é o som que interessa, vamos a isto.

Nem só o último álbum tem qualidade, pois ele vem na mesma linha dos dois que o precederam. "The Deathship Has a New Capitain" e "Carpathia" prepararam bem o terreno para este "The Wolves Go Hunt Their Prey". Gostava de poder afirmar que os dois primeiros constituem um capítulo à parte e que este último marca uma diferença, dar-me-ia um motivo para só agora ter reparado nesta banda... mas não posso. Todos contam com grandes temas individuais, todos nos trazem o mesmo tipo de sonoridade, o mesmo carisma. Apenas a temática abordada varia... mas não muito.

A extravagância é a imagem de marca deste duo: roupas dos seus bisavós, cenários fantasmagóricos, uma atitude romântica (no sentido de relativas ao século XIX, não no sentido de levarem um ramo de flores à namorada). Tripulações assombradas, faraós amaldiçoados e vampiros... Contos de Lovecraft, filmes de Murnau, Carpenter e Fritz Lang. Eis uma amostra das histórias e cenários que eles gostam de nos mostrar. Sussurram aos nossos ouvidos com um som cativante, soturno e não raras vezes majestoso.
Mas o grande trunfo, para mim, é a voz.
Allen B. Konstanz está em grande com um timbre fundo, limpo e não muito distante, por vezes, de um Andrew Eldritch (dos Sisters of Mercy) ou de um Peter Steele. Daí a fácil conotação com o Metal gótico (e sim, continuo a ranger os dentes por 'ter que" usar esta denominação).

Passemos aos álbuns:

"The Deathship Has a New Capitain" (2004)

Apesar de por esta altura terem já editado uma demo, foi apenas com este álbum que a banda alcançou alguma visibilidade, chamando a atenção desde logo para a maneira como distorcem o dito gótico puxando-o para uma sonoridade mais Metal mas igualmente sombria. Piratas amaldiçoados, navios assombrados e mistérios do mar são alguns dos temas abordados aqui, dos quais destaco os seguintes, como aperitivo:



Esta "The Deathship Symphony" é uma excepção no que às vozes diz respeito. Se não forem grandes adeptos do canto lírico, não se assustem e ouçam o resto. Vision Bleak não são sempre assim, mas acho o início desta faixa simplesmente espectacular.

Wolfmoon



"Carpathia - a dramatic poem" (2005)

Um álbum conceptual que conta a história de um homem de negócios que, tendo herdado terras de família nos Cárpatos faz uma viagem por aquela zona, desgraçando-se para todo o sempre sob o domínio das criaturas que todos 'sabemos' habitarem tal lugar. Sonoramente, este álbum resultou mais pesado que o anterior, quem sabe por efeito das actuações ao vivo - sim, apesar de serem apenas dois eles tocam ao vivo, com mais músicos contratados para o efeito. Destaques para abrir o apetite:





"The Wolves go Hunt Their Prey" (2007)

Finalmente, o lançamento que os traz aqui hoje, um álbum que quanto a mim mereceu destaque no panorama de 2007.
Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, não se trata tanto de uma variação do Capuchinho Vermelho, mas fala-se principalmente (por meio de uma trilogia de temas) sobre a maldição do faraó Nephren-Ka. Se o antigo Egipto é ou não um tema preferido pelo gótico, não sei, nem me interessa. Só sei que aqui resultou muito bem. Atingiu-se também um nível de epicidade, tanto lírico como musical, que não havia nos álbuns anteriores.








Destaco a qualidade gráfica dos dois últimos álbuns. Os tipos esmeram-se a sério para nos fazer passar alguma sensação de antiguidade. Fotografia excelente e boa escolha cromática. Para além disso juntam sempre extras aos seus lançamentos. Os CD's ou são duplos (com músicas ao vivo) ou trazem um DVD, o que os torna desde logo mais caros que a média, mas que para os fans vale bem o dinheiro.

Os Vision Bleak podem fazer parte da playlist de qualquer boa festa goth, mas isso não impede que agrade a mais espectros musicais. Seja como for, não vão por mim; ouçam vocês próprios e digam de vossa justiça.

http://www.the-vision-bleak.de/

http://www.myspace.com/thevisionbleak

Escolha da semana:

Uma banda que não me canso de ouvir.
Corvus Corax e a sua energia contagiante, no tema que escreveram para a banda sonora do jogo Gothic3, "Is Nomine Vacans".




\m/

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Blogger Unknown: Não é de fácil audição, não entrou à primeira, mas já estou há quase hora e meia a repetir os temas aqui deixados e começa a ficar algo residual.

Louve-se acima de tudo os conhecimentos mitologicos e de folclore da banda, que resultam de forma excelente tanto nas letras como no aspecto cénico da banda.

Lex traz sempre algo de novo ao pessoal, hehe 11/01/08, 10:46  

Blogger Aza Delta: sem querer tar fora do contexto, ja que este é um topico de metal, era so para dizer que os metallica e os machine head tao confirmados para o rock in rio. 12/01/08, 11:39  

Blogger Lex: Arthur, é esse mesmo o meu intuito, mostrar novidades. ;-) E estou como o mark3r: conseguindo passar a palavra a uma só pessoa que seja, já dou a batalha por ganha. :D

AzA, assim é. Pergunto-me se Metallica em anos consecutivos em Portugal não será por demais desgastante, mas eles lá sabem... Eu só sei que ainda não será desta que os vou rever. Cá espero por uma data feita para quem trabalha, e não a meio da semana. :-P 13/01/08, 22:43  

Anonymous Anónimo: Para mim é tudo menos desgastante!! :) grande noticia e em principio la estarei pa de certo mais um excelente concerto! Se for tao bom como o de 2007, e com as melhores condiçoes que o rock in rio tem, será perfeito! 13/01/08, 22:47  

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