I am what you want me to be
publicado por Diogo Azevedo

Esta semana venho falar de concertos ao vivo. Não do que vai acontecer, mas sim uma retrospectiva sobre os comportamentos na “spotlight”. Todos sabem que as bandas tendem a criar uma imagem que as caracterize de forma a ilustrar a música como a banda deseja, de forma a cativar os fãs ao seu imaginário.

Desde os primórdios que os músicos criaram a sua imagem, desde Mozart, Beethoven e Vivaldi, que se exprimiam pela música e pela sua originalidade na maneira de ser, como malabarismos no piano e loucuras nas suas vidas, ou falta delas… Até o Elvis (sobretudo o Elvis) tinha uma imagem: o “rei do rock ‘n’ roll”. Lantejoulas, golas estranhas e cabedal branco marcaram aquele que viria a ser recordado como o verdadeiro “rei do rock ‘n’ roll”. Mas claro que isso não é nada comparado com hoje em dia…

Um bom exemplo é o “camaleão” David Bowie. Ele já foi tudo: Extraterrestre, noctívago, apoiante do regime Nazi e até travesti. Isto tudo eram imagens ficcionais do músico para criar uma ilustração à sua música, que se alterava com as personalidades. Outros exemplos: bandas de glam-rock. O que é isto?!? Bandas de homens que parecem mulheres como o vocalista dos Tokio Hotel?!? Cruzes credo!

É essa a ideia das bandas: chocar logo no primeiro contacto. A música era pop-rock, mas as bandas tinham um visual extravagante e invulgar, que conferia um rótulo que lhes iria dar a conhecer a uma legião de jovens, que na altura achavam “rebelde” ser travesti. Até a sua maneira de estar no palco era abichanada e irreverente.

Seguindo esse estilo, Guns ‘n’ Roses! A banda que mais marcou o rock americano não fez mais que modificar o estilo glam-rock de modo a parecerem machos, apesar de conterem os elementos glam. Cada membro da banda tentava criar um estilo inconfundível, que os faria ícones. Quem não conhece a cartola do Slash? Mesmo as poses eram algo como “EU É QUE SOU A ESTRELA!”, que se iria reflectir nos fãs…

E em Portugal? Temos uma das melhores bandas neste contexto, os Blasted Mechanism. O estilo é inconfundível, diferente e, acima de tudo, funciona muito bem! Um concerto dos Blasted não passa indiferente, vai de ser chamado de “palhaçada” e de “louco!”. Não é a única banda, mas é a mais evidente. Temos outras bandas que tentam fazer algo de diferente como os Moonspell, que consegue misturar o estilo metal com intelectualidade, ao contrário dos músicos de Thrash Metal.

Outro bom exemplo são os “senhores” Kraftwerk. A imagem futurista da sua música tem como face os manequins (robots) dos membros da banda, que servem como avatares, já que os membros da banda estão atrás do painel que está por trás dos manequins.

Outro grande exemplo é a banda mais rebelde, os Sex Pistols, que usaram e abusaram da imagem de malucos para conseguirem o impacto que tiveram na música.

Como dá para ver, a imagem é uma parte importante da música. Acham que gostavam de uma banda que tivesse a imagem dos Tokio Hotel, apesar de terem grandes músicas? Nem eu consigo responder sinceramente…



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Blogger Higuita: Está demsiado bom.
Como eu gosto de estes textos ;)
Mesmo à minha medida, gostei. 24/01/08, 22:38  

Blogger Lex: E vocês a baterem no hotel de Tóquio... :-D

"Acham que gostavam de uma banda que tivesse a imagem dos Tokio Hotel, apesar de terem grandes músicas?" Agora pareceste-me os pais dos nossos pais, perguntando-lhes como podiam gostar de um 'coisa' como o David Bowie, há 30 anos... Acho que feitos os devidos distanciamentos temporais, vai dar ao mesmo em termos de esquisitice visual. Nem refiro a qualidade musical, pois isso nem tem discussão. 25/01/08, 09:11  

Anonymous Anónimo: Lex, eu não comparo os Tokio Hotel ao David Bowie porque:

-O David Bowie criou um estilo; os Tokio Hotel adaptaram os estilos da moda, que nem Spice Girls.

-Os Tokio Hotel apostam nas rapariguinhas que gostam de D'ZRT... É o mesmo grupo etário mas que precisam de algo mais "cool"; O David Bowie era algo como o Marilyn Manson quando saiu, apesar de nem os comparar em termos musicais, mas era rebelde e chocante.

Eu gramo tanto os Tokio Hotel como as bandas emo e dos Morangos, mas a imposição que me é feita pela TV faz-me realçar o desagrado pela banda! Eu bem poderia chegar aqui e falar mal dos D'ZRT, mas estes vão acabar e não chateiam ninguém.

Outro pormenor é que nem todos os estilos que apresentei eu acho "cool"... 25/01/08, 15:43  

Blogger Lex: Bem, eu estive ali a fazer um bocado o papel de advogada do Diabo, porque gosto tanto de TH quanto tu. :-P
Nem questiono o valor para Música de um e outro, o que eu quis foi apenas dizer que, apesar da genialidade do Bowie, de certeza que na altura muita gente o achou estranho e sem valor... tal como nós agora achamos estes gajos. Apesar de sabermos - tu, eu e mais uns quantos - que não dá para comparar os dois nomes. No entanto há milhares de pessoas a gostar de TH, pelo que não serei eu a afirmar como verdade absoluta que não prestam, baseando-me apenas no meu gosto pessoal. De certezinha absoluta que se essa malta ouvisse muitas das bandas que eu acho boas me diria que não sei o que é música, portanto... É como dizia o Einstein: tudo é relativo. :-D (Embora me apeteça TANTO pintar paredes a dizer "TH pró diabo que os carregue!"... Mas não é bonito e é uma perda de tempo. :-x)

Quanto ao assunto que abordaste na crónica, que mais dizer? Desde sempre que a Música e o visual andam interligados. Já os menestréis medievais se adornavam com os enfeites mais brilhantes para chamarem a atenção sobre si, e o que vemos nos palcos de hoje não é muito diferente disso, na sua essência. :-) E eu digo que vivam os menetréis por terem começado a tendência, pois a eles o devo se tenho hoje uns Rammstein com aquela artilharia toda de palco. :-D 25/01/08, 22:00  

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