... and Metal for All: Diablo Swing Orchestra
publicado por Lex

Se eu fosse pessoa de fazer apostas, faria aqui mesmo, neste momento, uma de que o vosso pensamento ao lerem esta crónica será algo do género de "olha, pirou" ou "qu'é esta m****, pá?". Mas como não gosto de apostas, adiante.

Os Diablo Swing Orchestra surgiram em 1501 na Suécia, e eram tidos como uma orquestra de tal modo talentosa e inebriante que cativava as paixões de gente de todas as classes e localidades. O seu sucesso, acompanhado de crescentes críticas à autoridade régia e religiosa, tornou-os aos olhos do povo numa espécie de profetas, o que lhes valeu de imediato uma perseguição intensa por parte dos visados nas suas músicas. Após alguns anos a viver e a actuar (com sucesso) às escondidas, decidiram que não podiam nem queriam fugir mais, mas entregar-se-iam em grande estilo. Antes disso, os membros fizeram um pacto legando aos seus descendentes a tarefa de se reunirem dali a 500 anos, a fim de continuarem a missão de divulgar a sua música e de continuar a alertar consciências por toda a parte. Selaram seis envelopes que foram entregues a gente de confiança, para que fossem passados de geração em geração pelas famílias de cada um.
Feito isso, anunciaram publicamente um grande concerto final, onde compareceram milhares de pessoas. No fim da actuação a orquestra foi levada pelos guardas e condenada à forca.
Em 2003, os descendentes desses músicos reencontram-se por acaso, descobrem as cartas uns dos outros, e reúnem-se para continuar a missão dos seus antepassados e honrar o seu nome.


Nada mal para apresentação de uma banda, pois não? Não fui eu que inventei, está no site e MySpace deles, e é a premissa por detrás dos Diablo Swing Orchestra, é o passado que criaram para si para justificar, de algum modo, a miscelânea sonora que fazem.

Esta banda traz à baila um dos rótulos mais peculiares que eu já li: "Avant-garde Metal", alguém lhes chamou - não fui eu que inventei. É mais uma gaveta daquelas que me dá uma comichão danada, mas com a qual talvez até nem discorde muito, pois este som é tão... estranho, que dá mesmo jeito ir na onda e aceitar que haja uma categoria à parte só para si. Não se assemelha a nada que eu conhecesse antes, mas a junção das influências líricas, jazz, blues, flamenco e Metal (ou simplesmente rock, fico ainda na dúvida) resulta eficaz e agradável. Para vos dar uma referência mais concreta, podem ser encontradas algumas semelhanças com uma música dos Therion, "To Mega Therion".
D.S.O. é diferente e por vezes estranho, mas não obstante agradável. Um pouco como aquelas omelettes feitas com tudo o que há no frigorífico, quando não se tem pachorra para pensar num prato em condições para se fazer, mas que toda a gente adora.

Contam até à data com um só álbum (um segundo está já na forja), largamente aclamado pela crítica, principalmente devido à surpresa que constituiu no panorama da música mais alternativa, em particular. "The Butcher's Ballroom" foi lançado já em 2006 e é algo digno de se ouvir, nem que seja pela novidade. Não que seja um portento nem o melhor álbum de sempre, mas muito metaleiro gadelhudo pode dar por si a bater o pé e a acompanhar trauteando a voz de Annlouice Loegdlund mesmo sem dar por isso.


Extremamente jazzístico, este álbum prima pela brilhante capacidade de encaixe com que foi concebido. Nunca se imaginaria (eu, pelo menos, não imaginava) que tantos estilos diferentes pudessem ser misturados sem se cair no erro de resultarem numa qualquer mixórdia imperceptível e inaudível. Mas aqui conseguiram harmonizá-los. Há contrabaixos e trompetes, piano e guitarra eléctrica, baixo e guitarra acústica... Há uma voz que tanto chega a um registo de soprano como a um mais rockeiro, e que sempre que a ouço me faz lembrar o filme de Luc Besson "O 5º Elemento". Se não conhecem o filme... estão à espera do quê? Se já conhecem, os meus parabéns, e lembrem-se do concerto na nave cuja vocalista era uma espécie de lula antropomórfica.

Temos boas (não 'grandes', porém) malhas como "Ragdoll Physics", "Pink Noise Waltz" ou "Velvet Embracer", mas também momentos mais calmos como "D'angelo". Tudo num estilo muito próprio como só eles sabem fazer... Pelo menos até começarem a surgir eventuais clones.

"Ballrog Boogie" ao vivo. O único video que encontrei... Amador e manhoso q.b., mas é o que há.

Ao longo de 13 faixas esta banda faz-nos balançar com um groove polvilhado de heavy... ou será o contrário? Ouçam e decidam por vós. O facto inegável é que estes Diablo trouxeram uma lufada de ar fresco à cena do Metal, numa altura em que, muito sinceramente, 90% das bandas novas que aparecem se limitam a reinterpretar (pouco originalmente) o que algumas fizeram de novo nos anos 90. É subjectivo afirmar que Diablo é coisa para ser agradável ao ouvido de toda a gente, mas pelo menos o factor novidade ninguém lhes tira - e quanto a mim, o mérito também não. Acresce a esse facto que o álbum pode ser considerado uma pequena ópera contemporânea, mas sem ser chata até à morte - como a maioria das 'coisas' ditas contemporâneas.

E o que é que isto tem a ver com Metal, perguntarão vocês? Bom, eu acho que o Metal está lá, talvez não na forma pura e inconfundível de que normalmente gostamos ou à qual nos habituámos, mas camuflado por debaixo de um véu (bem espesso) de ousadia inesperado para o género. Eu diria que este álbum de D.S.O. anda no limite - num limite extremamente puxado - entre o Metal e o jazz. Mas se ouvirmos bem, certas passagens não se afastam muito de algum Metal sinfónico e progressivo que por aí anda.


Seria portanto correcto afastar os Diablo completamente deste género musical, ainda que nos pareça estranha a integração nesse estilo? Já agora gostava de saber o que o pessoal daqui acha a esse respeito: isto pode ou não encaixar-se no Metal?

Porém o importante, como eu não me canso de repetir, é a Música. Portanto ouçam-na e compreendam-na, mas sobretudo passem um bom bocado com ela.

Pass: galaxiamusica.blogspot.com

Escolha da semana:

Pantera - "Domination". Uma das grandes, enormes, malhas de sempre.


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Blogger Sea B. A.K.A. Timba: Avant Garde. No que puseste no post não me despertou muita atenção mas, há duas bandas deste estilo que me dizem muito. Fantômas (Mike Patton Cuaralho) e Naked City (John Zorn o sôr mentor do Patton) mas não se assemelham em quase nada a D.S.O. mas mesmo assim boa posta. 21/03/08, 02:01  

Anonymous Anónimo: banda revelaçao no metalstorm.ee do ano de...bem, de ha dois ou tres anos.
por acaso desde a primeira vez k os ouvi k fikei agarrado ao som deles.
muito bom mesmo!
banda k nao me importava de pagar pa ver ao vivo 21/03/08, 18:58  

Blogger Lex: Mike Patton, o homem não dos sete instrumentos, mas das sete...nta bandas. :D
De facto DSO não tem nada a ver com as bandas de que falou o Pedro, o que só vem mostrar o motivo pelo qual eu gostaria de evitar rótulos. Há bandas que não se encaixam, simplesmente, e acho que DSO é uma delas. Pelo menos enquanto não houver outras bandas que lhe sejam semelhantes, não fará muito sentido arranjar-lhes uma gaveta. Mas enfim, não sou eu que faço essas gavetas, elas já lá estão. :-P

De qualquer modo, DSO já mereciam aqui um cantinho, e quando sair o novo álbum, lá estarei à sua espera. 27/03/08, 22:57  

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