... and Metal for All: Fear Factory publicado por Lex
Não é novidade para ninguém que todas as vidas têm uma banda sonora. Onde pensam que o cinema foi buscar a ideia? Pode resumir-se ao som de um martelo pneumático - no caso de ser a vida de um trabalhador da construção civil, por exemplo - ou pode ser recheada de sons e músicas diferentes, consoante o carácter de cada momento. Há músicas que se colam à recordação de pessoas que foram importantes para nós, a lugares ou a acontecimentos. Na minha vida há uma música que, embora não sendo propriamente extraordinária por si só, marcou um acontecimento extraordinário para mim. É numa espécie de homenagem a esse momento que hoje vos trago os senhores que a criaram: os americanos Fear Factory.
A música é a "Linchpin" do álbum "Digimortal" (2001), e o refrão reza assim:
We see no end to the dream We will never see the end We will never be the end All my life I've felt discarded Never feeling a part of it
Assim de repente não parece nada de mais, mas é daquelas letras simples que podem adquirir um significado importante para quem as ouve.
Mas isso é hoje.
Fear Factory não começaram pelo Metal industrial. No início eram uma banda de death Metal, e das boas, como se pode ouvir no álbum "Soul Of A New Machine" de 1992. Usaram os guturais alternados com voz limpa numa altura em que ainda ninguém sonhava o que era nu-metal. E o efeito foi estupendo. Conseguiram - naquela altura - inovar um estilo de Metal já consolidado, sem chocar. Sim, imagino que deve ter havido algumas vozes discordantes a dizer que eles estavam a deturpar a essência do death. Mas hoje em dia, 16 anos volvidos, quem se lembra delas?
Em 2006 tive a grata oportunidade de os ver ao vivo no Hard Club (grande ano esse, para a malta do norte...), aquando da sua última tour de nome "Fifteen Years of Fear" - precisamente celebrando os seus 15 anos de carreira, depois de já terem tocado por todos os EUA e resto da Europa. Apesar de já não terem trazido consigo o Cazares, provaram estar ali ainda para muitas e boas curvas. Burton C. Bell não deixou o crédito por mãos alheias e mostrou que a sua voz é também uma das pedras basilares da banda, e que a tem vindo a marcar indelevelmente com o seu timbre ora berrado ora melódico. Inconfundível.
Para os que possam ter curiosidade em saber o que é feito de Dino Cazares: após uma saída pouco pacífica dos Fear Factory, ele pôde enveredar por outros caminhos. Já antes tinha fundado os Brujeria, juntamente com membros dos Faith no More, entre outros. Durante um breve interregno que os FF tiveram em 2002 ele regressou a esse projecto, mas depressa o deixou para fundar um outro, de nome Asesinos. O homem é um daqueles gajos que prima por estar presente em metade das bandas activas em determinado período de tempo, como o Mike Patton. Haja omnipresença! Hoje em dia anda ocupado com o seu mais recente e quiçá mais consistente projecto desde os Fear: os "Divine Heresy", que acabaram de lançar o seu álbum de estreia. Para já só vou dizer que quem os ouve é como se ouvisse um dejá-vu. Ou melhor, por picuinhice linguística, um dejá-ecouté. Mas a seu tempo merecerão um espaço adequado aqui no Galáxia.
Lá em cima deixei-vos um álbum do início da carreira desta banda. Agora deixo-vos o mais recente, para que possam comparar as fases desta banda e chegar à vossa própria conclusão sobre o quão eles mudaram. Fiquem com "Transgression".
E pelo caminho não podia deixar de referir aquele que é para mim o melhor da carreira de Fear Factory: "Digimortal".
Reúnem-se neste álbum aquelas que considero como as músicas mais tipicamente Fear Factory'anas. Temos a "Linchpin", a "What Will Become", a "No One", a "Acres of Skin"... e também a "Back the Fuck Up", que na minha opinião é a excepção que confirma a regra que diz que este álbum só é composto de boas músicas. Esta é mais fraquinha, para mim, dado que aquela mistura entre o Metal e o rap não resultou em nada de especial.
Fear Factory é aquela banda que é sempre uma boa escolha em caso de dúvida. Construíram uma carreira consistente e montaram uma sonoridade muito característica - embora muito às custas de Cazares, como se poderá confirmar mal se ouça Divine Heresy. Não obstante, são altamente recomendáveis para quem se junta às hostes do Metal em geral e do industrial em particular.
Talionis: De todos os concertos a que fui até hoje, nunca vi mosh como durante a Cyberwaste, no Hard Club. É que não havia moshpit... o mosh era TODO o primeiro piso; visto de cima, parecia um ser uno e vivo a ter um ataque epiléptico.
Os Fear Factory de facto marcam, com toda a carga simbólica que têm para nós. Mas mesmo sem considerar isso, são uma excelente banda que não cansa ouvir.
Fico também à espera dos Divine Heresy... estou curioso ;) 07/03/08, 00:34
Orton's Legacy: Então e uma análise ao concerto do ano? (Concerto dos The Cure...)
Assim estão a falhar... 09/03/08, 12:29
Anónimo: Grande Som dos BODOM!!
Estou à espera duma análise ao próximo cd deles... Boa escolha. Fica bem. 09/03/08, 21:03
Lex: Legacy, isso não é bem o meu departamento, eheh! :-D Nunca gostei muito de The Cure. *Lex desvia-se das pedradas* 09/03/08, 22:12
ZePedro: Legacy, nao faço a minima se alguem daqui foi ao concerto, mas gostava de ver o review! ;) 10/03/08, 14:04
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