Este foi um excerto, de um auto-retrato que fiz há uns tempos. De todas as crônicas elaboradas para o Galáxia Música, esta talvez seja a mais contextualizada com a minha opinião, de aquilo que é uma das funções da música. Quando me candidatei para ingressar este blog, redigi um texto a falar sobre a minha visão e de um dos sintomas que a música tinha para comigo. Sempre disse que a música era um espelho da Sociedade. Sendo assim, hoje proponho-me a um trabalho (arriscado) de tentar retratar a sociedade em que esta ou aquela banda se inseriu.
Apontar para o período histórico do ser-Humano do último meio-século deverá ser a tarefa mais fácil. Já que é nesse período, que a música tem uma ascensão de importância muito grande, e que é usada principalmente como um meio de expressar os talentos, as opiniões, as revoltas ou as sensações que o ser sentiu. Isto tudo, porque o século XX foi um século de constante mudança, principalmente de aparências, o que demonstra que a sociedade da altura se estava a modificar para uma era mais contemporânea que estivesse mais encaixada, segundo eles, com o modelo perfeito de vida da Humanidade. Talvez o grande factor que levou a essa mudança, tenha sido as revoluções econômicas, que se deveram ao choque criado pelas Guerras Mundiais. E como as Guerras Mundiais, eram de facto, uma criação horrível do Homem, o ser tentou criar uma geração sem essa tendência guerrilheira. Por isso, à medida que os jovens nascem, ao aperceber-se dos erros das gerações antigas, tentam mudar a norma do Mundo e fazer com que o Mundo se tornasse um local bom para o ser-Humano viver.
Criasse assim uma geração apaziguadora e amiga do ambiente! Os Hippies. O grande exemplo à vista de todos os Portugueses de aquilo que foi a cultura Hippie, talvez seja o célebre Jorge Palma. Ele foi um revolucionário, que não aceitou os erros da política de Salazar, porque sabia que isso não iria dar certo, já que se baseou em finais de história do regime político de Hitler e Mussolini.
De um modo geral, o movimento Hippie, foi uma chapada ao Cristianismo, ao nacionalismo, ao capitalismo e à Guerra do Vietnam. Advinhem lá onde a cultura Hippie se centrou a criticar? Estados Unidos da América. Isso é uma conclusão que se pode tirar facilmente através das letras das música feitas pelos revolucionários dos anos 60. E aqui está um facto que confirma o que anteriormente afirmei. É a partir deste século que as pessoas usam a música para demonstrar a sua revolta. Os Hippies são um bom exemplo como isso foi um veredicto da acção musical do Homem em pleno século XXI.
E como só aqueles que se entregavam de corpo e alma, à Terra, à Paz, à amizade podiam ser considerados hippies, essa cultura a medida do tempo foi passando, ultrapassando-se por um desenvolvimento poluidor mas com lucros econômicos, o que não contribuiu de todo, para o desenvolvimento sustentável da Terra.
Chegando aos anos 70, a cultura Hippie perde completamente a sua popularidade, as suas canções não passam nas rádios locais, e existe só para os que realmente concordam com essa teoria.
O Rock and Roll tem a sua popularidade maior que nunca, a sociedade vive de aparências raras que alimenta o sentimento dos jovens de altura de satisfazer o sentimento de choque, até que a música em termos global recebe um choque por parte de um estilo musical.
Relacionando com esse estilo musical, relaciono uma geração. Depois dos hippies, que se contrapunham ao movimento político da altura, vou falar sobre a geração seguinte, a Generation X.
Relacionando com essa geração vem o estilo de música mais popular do final do século XX, que se opôs ao Rock, o Punk Rock.
Contudo, é melhor explicar o que foi na sua generalidade a Geração X. Uma citação Célebre que me ficou no ouvido (e desculpem-me por não saber quem foi o autor) que exemplifica na perfeição esta geração é:
“They sleep together before they are married, don't believe in God, dislike the Queen, and don't respect parents"
Os Baby Busters, que como o nome indica revela a lacuna demográfica da altura, caracterizava-se novamente pela revolta. Aliás, todas as gerações que se seguiam de outra eram produto da revolta de certas opções azaradas e erros feitos pelas anteriores. Mas a Generation X, foi a base, para surgir a geração actual, apesar de a Geração de hoje ser muito mais liberal, isto é, não são seguidores a cem por cento dessa cultura, aliás, se o fossem não existiam Morangos com Açúcar e não possuem alguns dos conceitos básicos desta geração, já que concordarão comigo (e aqui está outra vez a música) que se calhar o Punk está mesmo morto. Mas os conceitos que tornam a vida destes seguidores fácil, feliz e despreocupada, tais como o relacionamento antes do casamento, a falta de fé e o desrespeito para os mais velhos, são logicamente utilizados devido a enorme facilidade de esses conceitos serem postos em prática. Contudo, o que falta à juventude actual, é de facto aquilo que mais caracterizou a Generation X: O punk rock.
O Punk Rock pode ser a mais grandiosa prova de como o que eu disse é verdade. Peguemos na geração X. Agora peguemos no Punk Rock. Um não existe sem o outro. A geração X, precisava de algo mais para viver, do que fosse simplesmente sexo e drogas! Eles precisavam de música, e como a sua fadiga para com o Rock simples era grande, optam pelo Punk. E o realizadores do Punk, isto é, as bandas, faziam parte desse movimento e baseavam as suas músicas nas suas idéias revolucionárias.
Mas... Afinal de contas o que é o Punk?
Que pergunta intrigante. Contudo, de uma maneira geral é possível dizer-se que o Punk Rock, foi um movimento (principalmente) britânico e americano, consumado principalmente por bandas como os Sex Pistols, Ramones e The Clash, que tinha no seu núcleo musical uma crítica a sociedade viciada em Rock Roll, e que no fundo sabia que o córtex social/musical ansiava por algo mais. Mas não foi só isso que levou a paixão da Generation X pelo Punk, foi o facto de também este estilo se contrariar com a liberalidade irônica de certos regimes políticos, de uma coesão falsa de estados de espíritos revoltados mas calados e também pela a aparência que o Punk demonstrou... Lembro-me de ter um pôster dos Sex Pistols em tronco nu, onde tinham o corpo manchado com sangue, o que é um ciclo de aparências que agrada a cultura dessa geração, ora não fosse esta que não acreditasse em Deus e achasse o Freddy Mercury gay.
Um aparte... A conjugação do Punk Rock com a comercialidade do século XXI, levou aos Green Day num álbum de cima a baixo comercial, elaborar uma música que demonstra a existência, a excelência existente do Punk hoje em dia. Foi um gesto bonito de tentar demonstrar aos seus ouvintes, que podem ser na mesma uma banda punk, mas a sua maneira.
Voltando ao assunto... Foi o facto dessa geração amar o Punk Rock, devido à fadiga do Rock que tornava a ansiedade de uma música mais ao seu estilo próprio que levou ao sucesso de algumas bandas hoje em dia célebres, já que a sociedade da altura não se refere a uma minoria, mas sim a uma maioria, isto é, grande parte da juventude das décadas 70 e 80 assumem-se com características que definiram a Generation X.
E agora eu pergunto? Então, se foi a geração que fez as bandas, não é possível conhecer a sociedade através das bandas? Claro que sim!
Todo este palavreado a falar da cultura Punk, Hippie para tirar uma conclusão. A conclusão é simples e coerente. É possível conhecer a sociedade seguindo como arquivo histórico a música. É isso um dos factores, que torna hoje em dia música tão importante.
Agora reparem. Concentrem-se num movimento de Rap e R&B. O racismo não terá sido ultrapassado? Então a conclusão que um blogger do futuro pode tirar, é que a nossa sociedade, foi um dos sintomas da inclusão de todas as raças num só país, isto é, o multiculturalismo.