... and Metal for All: Sepultura
publicado por Lex Estamos no ano 1985 d.C. Todo o Brasil está subjugado à ditadura do samba na Marquês de Sapucaí e da bossa-nova tocada ao pôr-do-sol, melancolicamente... Todo? Não! Um pequeno grupo de metaleiros irredutíveis resiste ainda e sempre à tirania dos costumes musicais. Por 'pequeno grupo de metaleiros' não me refiro a uma só banda, mas a todas as bandas de Metal que surgiram no país irmão a partir de meados dos anos 80, e que contribuem desde então para diversificar a ideia que temos do panorama musical brasileiro. Há muitas, mas hoje é a vez de vos trazer os Sepultura - só por acaso, a banda de maior calibre dentro do seu género, no seu país. Falei ali em cima em 1985 por ter sido o ano em que lançaram à terra a semente daquilo que se viria a tornar um colosso do death/thrash Metal, pois foi nesse ano que gravaram os seus primeiros temas num split-CD em conjunto com uma banda igualmente pequena da sua região (os Overdose). No ano seguinte gravaram o seu primeiro CD, e daí em diante foi só somar êxitos. Ou quase. Mas já lá vamos. Importa para já dizer que os Sepultura são desde há muito um nome incontornável do death/thrash mundial, e pessoalmente acho que terem conseguido sair de um país tão intimamente conotado com um ritmo tão popular como o samba foi um feito, só por si, notável; já o facto de o terem conseguido fazer com um nível de qualidade tão alto, foi algo verdadeiramente merecedor de uma série de vénias. Há outra faixa que merece destaque neste álbum, por lhe ter trazido aquele detalhe que tornou os Sepultura numa banda única e imediatamente identificável entre outras: o tribalismo. A música? Kaiowas. Foi a primeira vez que alguém resolveu trazer a alma da Amazónia para o Metal, e o resultado foi espectacular. Daí em diante não mais os Sepultura largaram as suas raízes índias, sempre patentes na percussão. Versão acústica da Kaiowas, tal como a tocaram para o chefe da tribo dos Xavantes, pouco depois de a comporem, e que lhes valeu um elogio enorme do ancião. Para mim - e certamente para a banda - valeu mais esse elogio do que qualquer crítica dita 'especializada' posterior. Para além da componente musical inovadora, esta música passa também uma das mensagens mais fortes a nível político e social, porque não se 'limita' a transmitir as frustrações individuais dos elementos da banda ou da camada de população que com eles se identifica. "Kaiowas" é o nome de uma tribo brasileira que cometeu suicídio colectivo, como forma de chamar a atenção do mundo para o facto de o governo brasileiro lhes querer retirar as suas terras e identidade, e esta música é uma sentida homenagem à sua coragem e determinação. A promoção deste "Roots" foi de uma dimensão tão brutal quanto o álbum. O desgaste resultante disso (a par de outras questões) levou a melhor, e após um desentendimento entre a banda e a sua manager, Max Cavalera acabaria por se desligar dos Sepultura. Misturar família e negócios raramente dá certo... Hoje Max segue o seu caminho em dois projectos diferentes: os já conhecidos Soulfly, e os novos The Cavalera Conspiracy, juntamente com Igor Cavalera. "Convicted in Life", do último álbum, "Dante XXI". Um vídeo excelente para uma música razoável. Atentem para o pormenor dos pés do baterista. Não serei fundamentalista ao ponto de afirmar que Sepultura nunca mais foram (ou serão) bons desde o desmembramento. Têm o seu público, que os segue em concertos e compra os álbuns, e as malhas antigas ainda se ouvem bem ao vivo. Simplesmente... ouvem-se melhor ao vivo pela mão de Soulfly, por exemplo, como tive oportunidade de confirmar em Vilar de Mouros (2006). E se calhar até pela mão dos recentes Cavalera Conspiracy - tenho curiosidade em ver esses em concerto, confesso. A vontade de ver os irmãos Cavalera novamente reunidos era bastante, e o álbum de estreia... Bom, esse ficará para outro MFA. :-)
Escolha da semana: Um cheirinho do novo de Moonspell que está para sair a 19 de Maio - "Night Eternal" Etiquetas: death, Sepultura, thrash Metal Página Inicial gosto dos soulfly desde k começaram e nota-se que o genio da banda minha mesmo quase todo dele. mas agora andam aí os cavalera conspiracy e vamos ver no que dá. quanto a sepultura, passou pa segundo plano e crio k daí ja nao se levanta mais. 04/04/08, 19:14 : sepultura é um dos meus grupos desde sempre, mas infelizmente, com a saída do max deixei de conseguir ouvir. parece que perdeu toda a sua essência, e não foi com soulfy que ela se recuperou. talvez agora com os cavalera conspiracy, mas tenho as minhas dúvidas. grande artigo sobre esta grande banda ;) 06/04/08, 23:43 Lex: Eu também deixei de lhes prestar a mesma atenção depois da saída do Max. Acho que foi um fenómeno generalizado, a banda estava muito ligada ao indivíduo, quer se queira quer não. Agora com os Cavalera Conspiracy havia uma hipótese de recuperar o poder que os irmãos tinham... mas pelo menos para já, com o álbum de estreia, não me parece que tenham conseguido isso. Talvez em próximos trabalhos, vamos a ver... 07/04/08, 09:53 |
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