nice boys can play rock and roll
publicado por Thaurer

Falando sobre guitarristas:

Uns dizem “Slash”; outros dizem “Steve Vai”.

Eu digo:

“Nem um nem outro”!

Não que os dois guitarristas mencionados não sejam bons, porque o são. O que eu quero dizer é que existe um nome que suplanta esses dois, um homem que pode e deve ser um exemplo não só como guitarrista mas como ser humano.

Refiro-me a Jason Becker, o guitarrista sobre quem Marty Friedman (seu ex companheiro nos Cacophony e ex Megadeth) comentou numa entrevista: “Se algo era muito difícil para eu tocar, o Jason tocava.”

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Era realmente alguém com futuro no que toca á guitarra e à criação de música. A sua banda Cacophony, cujo primeiro álbum saiu quando Jason tinha 17 anos, dava a quem ouvia, uma estranha sensação de que ali, no palco, algo fantástico ia acontecer a seguir, quer fosse num solo bem sacado ou quer fosse do iô-iô que Becker usava para se entreter enquanto tocava esse mesmo solo. Fora da banda, “Perpetual Burn”, o seu primeiro álbum a solo, mostrava músicas que mais pareciam saídas da mente de compositores como Mozart, Bach ou Paganini. “Air” é exemplo perfeito disso.

Eu digo: se Mozart nasceu antes do seu tempo, Jason Becker nasceu mesmo a tempo!

Mas a vida mostra-nos sempre a sua ironia, dando a alguém como o Jason a habilidade de ser o melhor (e não duvido que se ele pudesse, hoje seria superior a muitos dos grandes nomes que por aí andam) e de repente, quando a fama está já pronta p’ra bater à porta, tudo lhe é retirado. É a vida. Temos que aprender a viver com isso.

E ele aprendeu.

Becker sofre de Esclerose lateral amiotrófica, uma doença que destrói as células do sistema nervoso responsáveis pelo movimento, o que fez com que logo aos 20 anos, perdesse a sua capacidade de se movimentar, falar, ou fazer fosse o que fosse. Tendo sempre que ter alguém a seu lado que possa cuidar dele 24 horas por dia. Mesmo a sua forma de comunicação teve que ser adaptada, aprendeu a comunicar com os olhos, criando um código de movimentos para cada letra, que vão formando lentamente frases que ajudam quem o rodeia a cuidar dele.


Começou com uma ligeira falta de força na perna pouco depois de substituir Steve Vai no projecto a solo de David Lee Roth, de seguida a velocidade dos dedos diminuiu e pouco depois os médicos deram-lhe 3 anos de vida. Isto em 1990, hoje, em 2008 com a ajuda de um computar especialmente preparado, ele continua a fazer aquilo que sempre fez tão bem: compor música.

O seu primeiro álbum após a descoberta da doença, “Perspective”, contém escrito na contracapa: “Tenho Esclerose lateral amiotrófica. Isso afecta o meu corpo, a minha fala, mas não a minha mente.” O álbum (que ainda tem uma cover da “Meet me in the morning” de Bob Dylan, uma das suas maiores influencias) é segundo Satriani: “triunfantemente poderoso”.

Vários álbuns que contêm material gravado que supostamente não deveria sair para o mercado têm sido editados e comercializados. Os fundos tanto dos CD’s como do merchandise vendido ajudam a família de Jason a suportar as despesas do tratamento.

Pode-se também encontrar no youtube a sua Guitar Clinic, vídeo onde Jason demonstra algumas das suas composições, fala das suas técnicas e nos ensina a tocar um pouco das suas músicas.

Passaram os anos, a doença progrediu mas a vontade de tocar e o amor pela guitarra permanecem. Pode estar imóvel mas não é do nada que chega a admiração de vários guitarristas famosos que o citam como uma referência. E tal como Jason disse numa entrevista: “Se tiveres controlo sobre a tua mente, podes fazer tudo.”


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Posso até dizer, mesmo que em tom de brincadeira, mas sempre falando a sério, que este senhor é melhor só com os olhos que muitas bandas com todo o corpo 100% funcional (e agora estou a olhar p’ra vocês 4taste, Avril Lavigne e companhia)

Penso que este homem foi um guitarrista invulgar com algumas características que o destacavam de qualquer outro, e isso é algo a ter em conta. Existe ainda nele uma força estupenda que faz com que ele continue a lutar quando muitos de nós, se nos observássemos no lugar dele, já teríamos desistido. Essa mesma força leva-me a pensar que se ele consegue lutar contra os seus obstáculos de uma forma tão positiva, eu também hei de encontrar forças para continuar. O próprio dia a dia de Jason dá-me motivação para nunca desistir do que quero e é por isso que resolvi escrever sobre ele. (e também porque me pus a ouvir um excerto da “Air” e esta espécie de biografia surgiu naturalmente)


e já agora, fica aqui um pequeno solo:

e a musica que me fez escrever o texto






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Blogger ZePedro: É bom, e têm uma composição "baseada" em música clássica, que acho fantástica. Mas se houvesse necessidade que escolher entre ele e qualquer um dos outros dois que mencionas-te no principio, acho que não o iria escolher. Enfim, opiniões... 10/06/08, 23:02  

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