mais um pouco dos 90
publicado por Thaurer

E que maneira de começar a década com o lançamento logo em 1990 do álbum “Existir” dos Portugueses Madredeus. “O pastor” é na minha opinião uma das melhores musicas na nossa língua, e para alem de ser um sucesso no nosso país, fez com que lentamente, a mistura de fado, musica erudita e mais alguns estilos como a bossa nova levassem Teresa Salgueiro e companhia fossem ganhando alguma reputação a nível internacional.

Dulce Pontes, ou, “a herdeira da Amália” como era apelidada, veio do festival RTP da canção e representou Portugal no Eurovisão onde alcançou o 8º lugar. (uma das melhores classificações portuguesas de sempre creio eu)

No seu disco Lágrimas mostrou que sabia cantar o fado como ninguém e que poderia tornar-se numa das grandes vozes mundiais. A “canção do Mar” é possivelmente a musica portuguesa mais conhecida no estrangeiro, e pelo que se tem visto, onde quer de Dulce vá, tem uma boa quantidade de seguidores prontos a ver os seus concertos.


O que ganhou espaço de antena nestes anos foram também aquilo a que eu gosto de chamar “as power ballads tugas”.

Lembram-se dos Alémmar?

“Longe de ti” e “deixa-me olhar” dizem-vos alguma coisa?

É precisamente disso que eu falo. As baladinhas que nos enchiam o ouvido e que tinham os seus momentos energéticos.

O lado mais soft da musica vinha com bandas como os Quinta do Bill com um som mais folk com flautas e violinos, Ala dos namorados com um ritmo meio jazz ou os Três tristes Tigres, banda formada por Ana Deus (ex-Ban) e Alexandre Soares (um dos fundadores dos GNR). “Menino”, “O frio da navalha” ou “O mundo a meus pés” são boas músicas para ouvir naqueles momentos mais calmos.

Ainda com um tom mais clássico estão aqueles a quem já ouvi chamar em tom de brincadeira: “Os Apocalyptica portugueses“. Falo dos Corvos. Com violoncelos e violinos começaram por fazer covers dos Xutos (os Apocalyptica começaram por fazer covers dos Metallica) e com uma progressão para álbuns de originais, esta banda lançou ao mercado um punhado de músicas interessantes.

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“Não sei se mereço esta vida de cão. Tudo o que vejo tem um preço e eu não tenho um tostão”

Agora… é impressão minha ou este refrão ainda se adequa nos dias que correm?

(já agora, a musica é dos Alcoolémi, chama-se “não sei se mereço”. O álbum de mesmo nome foi disco de prata. Boa banda. Ainda duram.)

O Grunge também esteve/está representado aqui em Portugal. Os Blind Zero encarregaram-se disso mesmo. E o lado electrónico fez sempre parte do imaginário dos Blasted Mechanism que tinham a sua vertente estranha de definir, onde guitarras de som bastante distorcido se fundem com Didjeridus (instrumento de sopro dos Indígenas australianos) e sitaras.

Em 1995 sai “Dou-lhe com a alma” dos Da Weasel. Embora a banda só tenha atingido o grande sucesso com “Iniciação a uma vida banal – O Manual” a banda já começava a dar cartas. Depois do sucesso do álbum de “Outro Nível” a banda inicia uma das suas melhores digressões onde abre em 1999 para os Red Hot Chilli Peppers no Pav. Atlântico.

Temos ainda o “mítico”, aquele que não tira os óculos por anda deste mundo: Pedro Abrunhosa. O seu álbum viagens vendeu 243 mil cópias e que contem uma das primeiras musicas a ser censuradas em Portugal desde os tempos de Salazar: “Talvez”.

E se o sucesso do primeiro álbum não bastasse, com “Se eu fosse um dia o teu olhar”, criada para o filme “Adão e Eva”, Abrunhosa vendeu mais alguns grandes milhares de cópias. Ganhou distintos prémios e foi bastante criticado, no entanto, o homem tinha a imagem, tinha a musica e tinha o sucesso.

Mas o marco dos anos 90 foi a febre Ornatos Violeta. A banda do Porto varreu completamente o cenário musical português e Manel Cruz continua até hoje no pedestal onde os seus fãs o deixaram. Apesar de só terem lançado dois álbuns, o culto é incomparável. E com razão. “Punk Moda Funk”, “libido” e “1 beijo = 1000” saem do seu primeiro álbum, Cão. “Dia mau”, “Para nunca mais mentir” e “OMEM” saem do segundo, “O monstro precisa de Amigos”, onde participaram também Vítor Espadinha em “Ouvi Dizer” e Gordon Gano (Violent Femmes) em “Capitão Romance”.

A qualidade estava lá, o sentimento também, pouco mais se pode dizer.

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Mas digo desde já, se existiram muitas boas bandas e muitas boas musicas para ouvir, nada fez mais parte dos anos 90 em Portugal do que aquelas músicas que nos punham sempre a rir.

Falo dos Ena pá 2000 cujo propósito da banda eram as músicas de teor cómico mas falo também daquelas músicas do tipo “Estou na Lua” que inundaram as rádios. Quantos de vocês ainda hoje não começam a cantarolar a “Nadar” dos Black Company de vez em quando ou a célebre “Canguru” dos Porquinhos da Ilda? Os íris também tinham algumas músicas boas para dar como exemplo.

Agora que estamos no verão, quantas vezes não se ouve o hino desta estação “Eu gosto é do verão” dos fúria do açúcar? Eu ainda ontem a ouvi a passar na rádio.

E havia ainda aquelas que podiam não ser intencionalmente cómicas, mas era sempre inevitável rir, gracejar vá, das suas músicas ou das suas danças. Agora lembrei-me do Iran Costa. Ok, eu sei que ele é brasileiro e que não conta na lista de artistas portugueses, mas vá lá, tem que admitir que quando fomos invadidos pela moda do “É o Bicho é o bicho vou-te devorar, crocodilo eu sou…” entramos numa fase bastante Infame da nossa história. (mas lá está, é como com as roupas e penteados. O que hoje até parece boa ideia, amanha poderá ser ridículo.)

E é tudo. Poderia e devia falar de mais bandas, mas prefiro deixar algumas como por exemplo os Kussondulola ou Repórter Estrábico ou Moonspell (se bem que estes já nem precisem) para uma crónica apenas sobre eles.





agora ficam aqui algumas musicas pa recordar:






"Óh Mãe" - iris



Ritual Tejo - Nascer Outra Vez


O mundo a meus pés - Três tristes tigres



MamaPapa - Reporter Estrábico



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