um pouco dos anos 80
publicado por Thaurer

Continuando o que comecei há duas semanas atrás, vou então escrever sobre o panorama português dos anos 80, os projectos de divulgação de novas bandas e as origens de algumas cenas musicais no nosso país.

Começando pelo produto que cresceu nas ruas, de boca em boca, nascido da rebeldia dos jovens de outrora. Surgiam as bandas, surgiam as fanzines. O Punk chegou a Portugal.

Nascido em Londres na década de 70, chega a Portugal através de pequenas colectâneas e álbuns que vão passando de mão em mão. Ainda no final dessa década, os Aqui Del Rock e os UHF lançam os primeiros singles de qualidade razoável que ainda hoje se montam de pedra e cal num lugar onde influenciam os mais novos. Xutos e Pontapés iniciam também a sua actividade. No meio de álcool, pancada e drogas o número de bandas e concertos cresce. E é em Lisboa que se encontra a maior concentração Punk, mais precisamente no Bairro da ajuda de onde saem os Mata Ratos e os Grito Final. O próprio Punk modificou-se, bandas como os Cães Vadios tinham o seu toque de psychobilly.

É pena hoje em dia não haver muitos álbuns destas bandas punk. E os que há, não são da melhor qualidade. Mas fica sempre o registo de bandas com uma boa atitude ao vivo e que (umas mais que outras) mantêm a sua influencia nos dias de hoje.

Mas passando um pouco pela rádio, temos dois programas que se calhar alguns de vocês até se lembram (se tiverem idade para isso. Eu por acaso não tenho. E mesmo que tivesse, nem sequer estava no país) falo do Rock em Stock e do Lança-chamas

Criado em 1979 na Rádio Comercial, com o livre, espontâneo e divertido Luís Filipe Barros, o Rock em Stock trazia-nos sempre aquilo que era criado lá fora a nível de Punk, New Wave ou NWOBHM (new wave of british heavy metal). Ramones, Nina Hagen, ZZ top, Judas priest, Blondie… todos tinham um espaço de antena.

Mas como não podia ser só seguir aquela máxima que diz que o que é internacional é que é bom, o programa também apostava (incessantemente) em bandas nacionais que tentavam crescer. Roxigénio, Táxi e GNR eram algumas das bandas que recebiam bastante atenção por parte do programa.

Sobre o apresentador, encontrei este parágrafo no blog do Prova Oral (programa de Rádio do F. Alvim) que acho que diz muita coisa sobre o Luís F. Bastos e sobre o programa em si.

“LFB ou "Berros" como muitas vezes lhe chamaram revolucionou a forma de fazer rádio em Portugal ao imprimir um ritmo impróprio para cardíacos com a sua locução e uma playlist que estava à frente de qualquer outra estação. O que fosse novidade, obrigatoriamente, passava por ali e Barros sabia-o num tempo em que os locutores de rádio eram vedetas.”

Agora fiquei com vontade de voltar no tempo e ouvir o Rock em Stock.


O outro programa passava aos Sábados á tarde, era apresentado por um não menos carismático António Sérgio e era voltado unicamente ao Hard Rock e ao Heavy Metal.
O programa chegou a ser cancelado duas vezes mas o numero de fãs cresceu de tal modo que o numero de exigências para o programa continuasse no ar não só orbigou a direcção da Rádio Comercial a continuar com o programa como também o passou de uma hora de duração para duas.
O programa acabou já nos anos 90


De seguida vem o Rock Rendez Vous. O famoso e saudoso clube inaugurado em Dezembro de 1980 (depois fechado e de novo reaberto em 1983) com um concerto do Rui Veloso foi responsável pela divulgação de algumas das bandas que com sucesso comercial ou não, acabaram por ser influência a muitas outras bandas que vieram mais tarde. Realizava-se ali o Concurso de Música Moderna que teve direito a 6 edições, havendo depois uma 7ª em 1994, já com o RRV fechado definitivamente, organizado pela RTP. Neste concurso a única exigência imposta pela organização era que as bandas participantes não tivessem qualquer gravação comercial. Os finalistas tinham direito a lançar um álbum e os dois primeiros classificados ganhavam novos (e melhores) instrumentos.

Alguns dos vencedores destes concursos foram os Mler Ife Dada, os THC (banda do Joao Cabeleira, dos Xutos) e os Easy Gents (mais tarde mudam o nome para Ritual Tejo). Os Mão Morta tal como os Pop Dell’Arte apesar de não terem ficado em primeiro lugar, ganharam prémios Originalidade.


Esta sala foi responsável por 1500 concertos em 10 anos, entre os quais, shows dos Echo and the Bunnymen e dos The chameleons e ainda teve outros momentos memoráveis como gravação de um CD ao vivo dos Xutos e Pontapés ou a noite em que Luxúria Canibal (dos Mão Morta) resolveu cortar a perna com uma faca.

Com o passar dos tempos e com o aumento dos cachets dos artistas, o RRV passou por algumas dificuldades e passou a funcionar como discoteca até ao seu fecho definitivo em Julho de 1990.


Mesmo com o fácil acesso que temos às novas bandas através da Internet, talvez fosse importante a criação hoje em dia de um concurso nacional de bandas que viesse continuar o legado do RRV. Talvez um festival de Verão totalmente dedicado ás novas bandas, com bilhetes mais acessíveis a todas as bolsas e uma boa oportunidade para o convívio.

Por hoje é tudo. Ficaram aqui aquilo que eu considerei como as fontes de divulgação e criação da música como ela é hoje. Se bem que agora na minha opinião parece que o universo musical poderia estar muito melhor. p'ra semana continuo com um pouco dos anos 90.


ja agora, se gostam de Blues, fica aqui uma demo com 5 musicas dos Mr. Blues


e deixo tambem o myspace deles caso queiram conhecer antes de comprar o albuma zero centimos:
http://www.myspace.com/BLUESMR


e ja agora, uma banda que ando a ouvir bastante.
D3O






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