... and Metal for All: Haggard
publicado por Lex

Numa época de regresso à rotina, em que parece que todas as bandas de nome sonante resolveram deitar cá para fora novos trabalhos, parece-me justo dar destaque a uma novidade de alguém menos conhecido - mas nem por isso menos talentoso.

Os Haggard não fazem metal convencional (se é que isso existe), mas são uma boa alternativa áquelas músicas de todos os dias, que debitam blastbeats e riffs de guitarra à fartazana, como nós gostamos. Mas quando sentimos que queremos variar um pouco, isto pode ser o ideal. Mal lhes pus os ouvidos em cima, gostei, coisa que para mim é sempre bom sinal.
Encaixotemo-los então numa categoria próxima ao Metal folk e sinfónico, com laivos de medieval, para se ficar desde já com uma ideia do que fazem estes senhores.
Criados em 1991 na Alemanha, sempre foram mais que as mães. Hoje são 16, mas já chegaram a ser mais de 20 membros. No entanto, sempre mantiveram a coesão através do mesmo mentor, Asis Nasseri, que compõe e canta todas as músicas. Apesar de terem hoje uma sonoridade tão clássica, a sua carreira musical teve origem no Death Metal, porém, após alguns anos a lançar demos sem obter grandes resultados, a banda mudou de rumo e partiu à descoberta por novos caminhos. Mas a influência Death ainda permanece bem patente.
A sua música caracteriza-se essencialmente por uma base instrumental composta por uma miríade de instrumentos clássicos: piano, oboé, clarinete, harpa, violino, violoncelo, cravo, e ainda mais, tal é a riqueza harmónica das suas composições. Ora, a tudo isso adicionaram guitarras eléctricas, baixos e baterias dignas de um bom Death, e conseguiram criar uma sonoridade única.
Quanto à voz, temos uma mistura harmoniosa entre uma voz feminina lírica, digna de qualquer Ópera, e um grunhido visceral, ambos bem misturados com coros majestosos. Pontualmente há vozes mais limpas, que contribuem para um ambiente mais medieval, mas não são essas que caracterizam melhor os Haggard.

A temática predominante dos seus álbuns é algo que a mim me cativa desde logo: a História. Até à data já focaram as profecias de Nostradamus ("And Thou Shalt Trust... The Seer", de 1997 e "Awaking the Centuries", de 2000), e a provação de Galileu Galilei ("Eppur Si Muove", de 2006). Mas para o seu último trabalho, "Tales of Ithiria" (lançado há poucos dias atrás), Nasseri decidiu mudar um pouco o rumo e cantar um mundo imaginário.

Pass: galaxiamusica.blogspot.com

1. The Origin (1:57)
2. Tales Of Ithiria (8:07)
3. From Deep Within (0:26)
4. Upon Fallen Autumn Leaves (6:38)
5. In Des Königs Hallen (2:05)
6. La Terra Santa (4:56)
7. Vor Dem Sturme (0:36)
8. The Sleeping Child (6:12)
9. Hijo De La Luna (4:21)
10. On These Endless Fields (1:04)
11. The Hidden Sign (6:25)

Ithiria é o cenário de uma estória de ficção que narra um enredo mais que batido: a luta entre o bem e o mal. Porém, aqui destaca-se aquilo que distingue quem consegue tocar nesse tema com sucesso: a maneira como o conta. Aqui (tal como nos trabalhos anteriores, de resto) os Haggard recorrem a todas as línguas que lhes pareçam necessárias para transmitir o sentimento da época: inglês, alemão, espanhol, latim. Utilizam também a música para criar uma paleta de emoções variada, desde o fervor sentido em batalha até à raiva de encontrar a família chacinada, passando pela melancolia.

"Tales of Ithiria" divide-se em capítulos, ou actos, tal como numa ópera, que são separados por curtas narrações que introduzem cada tema, ao mesmo tempo que explicam o decorrer da acção. As músicas - soberbas e majestosas, todas elas - preocupam-se em transmitir as emoções dos personagens e a evolução do enredo. Destaque para a faixa que destoa no conjunto apenas por não ser um original de Haggard: "Hijo de La Luna" é uma versão da música dos espanhóis Mecano (1987), mas é igualmente recomendável, numa nota mais calma.

No fim de uns curtíssimos 42 minutos, ficamos com vontade de ouvir uma sequela... Mas para isso teremos que esperar mais uns anos. Para ser igualmente boa, deverá levar os mesmos 4 anos que "Tales..." demorou a ser pensado, composto e produzido. Mas valeu bem a pena.

Pessoalmente acho este um projecto muito bem conseguido, e merecedor de maior destaque a nível mundial. Uma fusão destas tinha tudo para correr mal e apenas uma pequena chance de acertar na fórmula... mas conseguiram-no, pois dosearam na perfeição os elementos tão distintos com os quais trabalham. Só que, tal como muitas outras bandas ditas alternativas, os Haggard practicamente só são conhecidos no seu próprio país e num círculo muito restrito, fora dele.

No momento andam a promover o seu novo álbum com algumas datas na Alemanha e arredores, e chegaram mesmo a agendar uma data para Portugal, que entretanto foi adiada para não se sabe quando. Faço votos que rapidamente a reagendem, de preferência para um local onde eu possa marcar presença, pois um espectáculo ao vivo destes gajos é algo a não perder:

The Final Victory", ao vivo no México (parte do DVD "Awaking the Gods", 2001).

Nada mais resta a dizer que a música não diga melhor, portanto fiquem com este álbum, ouçam-no com calma, deixem-no entranhar, e no fim venham dizer de vossa justiça. Deixo-vos aquela que é, para mim, a melhor faixa deste álbum: "Upon Fallen Autumn Leaves". Potente, delicada, intensa... tudo na mesma música. Impecável.


Upon Fallen Autumn Leaves - Haggard

\m/

Etiquetas: ,




Página Inicial
Blogger Talionis: Bem, estou simplesmente pasmado com estes Haggard. Ouvi a Upon há dias atrás e viciou; essa Final Victory confirma a minha dúvida inicial: serão capazes de fazer isto ao vivo?

Quando cá vierem, lá estarei. Fantástico... 12/09/08, 09:41  

Blogger Thaurer: ja conhecia.
boa banda mesmo

tem musicas k tem akele sabor a banda sonora épica. 12/09/08, 14:51  

2007-2009 Galáxia Musica. Template elaborado e idealizado por Skywriter