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Música no Coração
publicado por Petrvs Este tema é um pouco controverso e cada um pode (e deve) ter o seu ponto de vista. Deparo-me a pensar como é que as pessoas assimilam a música, haverá uma constante e o nosso cérebro interpreta os sons da mesma maneira ou haverá uma divergência ao ponto de todos termos diferentes percepções do som? Antes de tocar um instrumento (agora vários), eu tinha uma visão completamente diferente da música que quando começei a tocar guitarra deu uma volta de 180 graus. Quando o ser humano cria algo, neste caso música, acha-se o maior e que foi para além da imaginação dos outros, tornando-se egocêntrico, contudo não é preciso ter uma partitura com 1001 e uma notas a 250 batidas por minutos para se designar uma música boa e criativa. Grandes músicos tecnicistas muitas vezes deparam-se a ouvir uma determinada música e quando aprendem a tocá-la desprezam-na por ser demasiado simples e apenas se interessam por técnicas elaboradas e dificeis de efectuar, contráriamente existe músicos mais dotados pelo sentimento, sentem cada nota como se não houvesse mais nenhuma e grandes criações e peças musicais são criadas por estes mesmos. Temos o grande exemplo da grande genialidade da “samba de uma nota só” do Tom Jobin, essa música explica tudo o que quero dizer, a letra e a música falam por si. "Eis aqui este sambinha feito numa nota só. Outras notas vão entrar, mas a base é uma só. Esta outra é conseqüência do que acabo de dizer. Como eu sou a conseqüência inevitável de você. Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada, Ou quase nada. Já me utilizei de toda a escala e no final não sobrou nada, Não deu em nada. E voltei pra minha nota como eu volto pra você. Vou contar com uma nota como eu gosto de você. E quem quer todas as notas: ré, mi, fá, sol, lá, si, dó. Fica sempre sem nenhuma, fique numa nota só." Há vários tipos de ouvintes, o ouvinte músico mais sensível, e eu enquadro-me neste grupo, que tem sensibilidade a certos ambientes de música e aprecia a genialidade de criar uma música com pouco que transmite sentimento. Daqui em ter comentado no post do dvd dos g3 dizendo que daqueles três, Steve Vai, Joe Satriani e o John Petrucci (todos grandes musicos dotados de tecnica) preferir o Joe Satriani. Antes demais, Joe Satriani revolucionou o rock fazendo o primeiro disco (com sucesso) do estilo apenas em instrumental, com o seu primeiro album (Not of this Earth de 1986) mas prefiro-o sobretudo pelo seu estilo, devido a ser algo mais sentido e não tanto por ser tecnica como uma mosca num frasco a tentar sair mas sem efeito. Continuando os tipos de ouvinte segue-se o músico tecnicista com o objectivo de conseguir tocar o mais rápido possivel, não tem que ser algo muito sonoro, apenas rápido, as notas não tem que fazer sentido, mas apenas os mais tecnicistas consigam tocar a dita música. Contudo, acho que este tipo de músico fica limitado na criatividade, invés de criar uma música que transmita algo a quem a ouve, prefere mostrar que é artista e que toca 1000 vezes mais rápido que um Bob Dylan, mas será este melhor músico por tocar mais rápido? Depois, ainda há o ouvintes que não tocam nenhum instrumento e penso que estes sofrem um tipo de ilusão por não ter nenhum conhecimento de composição, teoria musical, etc. Dentro dos ouvintes que não tocam nenhum instrumentos há o que devora carradas de cd’s e vai a concertos religiosamentee que pode não perceber a lógica da composição ou os instrumentais, mas a música faz sentido sobre ele e transmite-lhe sentimento, este foi o tipo que eu me inseri antes de tocar algum instrumento, é chato após ter começado a tocar perder este tipo de qualidade de ouvido, mas na vida tudo é mutante. Para finalizar ainda existe o ouvinte que ouve por ouvir e liga-se demasiado a cultura comercial. Por isto, e com a chegada da nossa querida mtv, até se começou a fazer estudos ao ser humano para ver a reacção á música. Por exemplo, os Marron 5 fazem estudos à pulsação para fazer determinados beats, tendo músicas próprias para conduzir, fazer jogging, etc. No meu ponto de vista ninguém sente a música da mesma forma, a música é feita de vivências e cada um tem a sua própria. ![]() Página Inicial
Higuita: Antes de mais, sê bem-vindo.
Falaste de um facto incontornavél: os músicos que tocam pelo simples motivo da sua rapidez são cócó. Não há sentido, não há fluência. E para mim essas são duas pedras vitais para que nao se dê uma derrocada... Gostei imenso do texto, da forma como o equacionas. MAS, sim senhora a música depende de vivências, contudo nem todas são iguais e não há uma única que tem qualidade, todas têm. Por isso, apesar de a vivência de uma pessoa que não toca um instrumento não ser "real", não quer dizer que ela não seja sentida. E esse não é o sentido da música? 09/09/08, 00:36 Lex: Oh pá, e eu a pensar que tinhas escrito sobre um dos meus filmes favoritos... :-D Mas fora de brincadeiras, gostei do texto, e concordo com ele na sua essência. Faço parte dos ouvintes que se importam mais com o sentimento transmitido do que com a complexidade compositiva das músicas, embora eu já tenha tocado piano há alguns anos. A compreensão da técnica ainda cá está, mas prefiro não lhe dar demasiada importância (ainda que por vezes ela se sobreponha ao sentimento contra a minha vontade). E em relação ao tal sentimento transmitido, é como em toda a Arte: cada um tem o seu, e é isso que faz a riqueza de todas as manifestações artísticas, afinal. É por isso que quando alguém me diz "Eh pá, acho o St. Anger é o melhor álbum do mundo!", eu respondo que não posso concordar, mas não vou dizer a essa pessoa que está errada... É lá com ela, e com a maneira como o sentiu quando o ouviu. 09/09/08, 09:08 |
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