You Will Think I'm Insane - Lixo
publicado por Higuita

Nunca me interiorizei numa tribo! E acho isso uma virtude que qualquer pessoa deve adoptar, por duas razões: primeiro para ter uma personalidade única e inigualável e segundo para ser livre de ouvir aquilo que se quer (pelo menos em público, e não irei apontar o dedo a ninguém). E são estás duas características que, para mim, são importantes para o bem estar de uma pessoa, porém isto já é um conceito relativo...

E para além de nunca me ter interiorizado numa, não questiono quem se dedica totalmente a uma tribo, cada pessoa dobra os objectivos que se quer. Agora – e tem que ser sublinhado – no que toca a música, não se pode, mas DEVEsse ser criticar tudo, tim-tim por tim-tim. E remando contra a maré, não irei falar de TH.(!) Vou ser ainda mais extremo e optar por algo mais defensor da banda alemã... Então que seja!

Se há coisa que ainda não está definida, é a qualidade musical. É impossível dizer-se que isto e aquilo é óptimo e isto e aquilo é horroroso, simplesmente não é coerente. Por isso, não há possivéis comparações entre (suponhamos...) Tokio Hotel ou Pearl Jam. E isto é um dogma incontornavel, cada pessoa é digna de optar pela música para os seus ouvidos, e à partida essa escolha será a mais correcta. Mas, não é esta a conclusão à qual eu pretendo chegar, antes fosse. Porque se por um lado é impossível definir a qualidade musical, é possível definir-se o que é MÚSICA. E não estou a tentar levar a cabo uma daquelas jogadas extremas e incoerentes, porque não. Estou consciente que cada ouvido tem o seu requinte, que cada ouvido tem a sua forma de ouvir música... Mas o conceito de música não pode ser tão banalizado. Porque senão, isto deixaria de ser uma ARTE. Deixando os eufemismos, vou exemplificar.

Há uma banda britânica de adolescentes que me tem deixado simplesmente perplexo, e pelos maus motivos. Eles fazem da música algo tão banal, algo tão horroroso e ORDINÁRIO (e ordinário não provém do significado de ordinary...), que deixou de ser arte. Pelo menos para aquela banda, Bring Me The Horizon. E não querendo decorrer à tão usual analogia, agora terei de o fazer: fazer música desse género, é o mesmo que pegar em tachos e panelas e banter uns contra os outros. Não há volta a dar... E não vejo argumentos possíveis, do género de não há música como essa para o mosh ou aquele vocalista faz coisas impressionantes com a voz, que apaguem este facto. Se é boa ou não para o mosh, não é um argumento vital... Não é o mosh que ganha prémios musicais, não é o mosh que torna um concerto épico (pelo menos para os verdadeiros fãs).

É aqui que entra em conflito com aquilo que se considera arte, com aquilo que se considera (simplesmente) música. E felizmente, eu não sou imobilista, eu sei valorar coisas que realmente interessam. Agora, o que me preocupa é que bandas desse género ataquem a adolescência futura, com pseudo-música, tornando essa fase AINDA mais estúpida. É incontornável... Não sei se estou a ver um filho meu a tirar uma foto para o hi5 com polpa de tomate na camisa, juro que não.

A música, enquanto arte, deverá ser reconhecida através de culturas, não através de loucuras. E sim, a imagem tem um peso fundamental para o sucesso de uma banda, é um facto! Mas se 90 por cento do suceso da banda vier através da imagem, onde está a genialidade musical? Sinceramente não o sei... Se genialidade estilística era facultativo, agora talvez seja uma obrigação. Mas pior que isto da imagem, é a inclusão de certas bandas no nome de música. Mas isso, já eu referi. Os ouvidos já ganham cera, não os encham com lixo...

Mas, afinal é possível chamar de lixo a uma música? Está aqui um paradoxo... Para existir uma discussão racional qualitativa acerca de banda, é necessário que certas bandas realizem projectos que cheguem a ser considerados MÚSICA. É grave, eu sei. Por isso eu não questiono os Metaleiros, os Gangsters, as pitas de Tokio Hotel, os Indys. NÃO! Porque cada música tem o seu encanto, que só um fã o consegue ver. E é esse encanto que retira a objectividade a pessoas clandestinas relativamente a um determinado estilo musical. Mas o encanto de certas músicas (que não contenham esforço instrumental ou vocal), nem sequer existe porque é díficil equacionar esse tipo de bandas naquilo a qual lhe chamam arte, música.



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Blogger Talionis: Pergunta: ao não te inserires numa tribo e apelares a que façam o mesmo, não estarás inserido na tribo dos "sem-tribo"?

A tribo "sem-tribo" não é, afinal, uma tribo como qualquer outra, com características e personalidade própria? 11/09/08, 12:23  

Blogger Higuita: Se te referires a semi-tribo como uma tribo de uma única pessoa particular, sim. São interpretações que levam ao mesmo...
Se não seguires algo objectivo, e seguires a tua mente, ninguem te igualará. 11/09/08, 13:25  

Blogger Petrvs: Eu acho que há duas formas de ver a música:

Subjectivamente: Como referi no meu post, cada pessoa interpreta a música de acordo consigo próprio e segundo o que lhe entra bem nos ouvidos ( o que até pode ser influênciavel, como disses-te, por uma tribo. ) E este critério é muito relativo.

ou podes avaliar

Objectivamente: Em termos de impacto na sociedade e de um novo mundo, em termos de qualidade de composição ( se a banda se deixou levar por melodias faceis e banais, se tem genialidade no que compos, se fez algo diferente ), pelas letras ( se é uma boa crítica, uma boa história, um coisa mistica, um poema em contexto real e não uma porcaria qualquer para vender ).

Acho que se avaliarmos objectivamente tokio hotel, apenas o vejo como producto, com influencia da mtv deixaram as pitas loucas, mas será que daqui a 2, 3 anos, quando as pitas deixarem de ser pitas, ouviremos falar deles?

Acho que musica de lixo, tem sucesso nuns anos e depois acaba, música de qualidade predura durante séculos. 11/09/08, 14:20  

Blogger pamg: Como o Talionis disse, ao fim ao cabo fazes parte duma tribo, a tribo daqueles que se guiam por si próprios sem olhar para o que a sociedade na sua generalidade "consome".

Como dizes e bem, cada pessoa, gosta daquilo que lhe cai bem no ouvido. E o que nos soa bem no ouvido, a outros soa mal, e vice-versa. As diferenças vão sempre existir.

A imagem para alem do som é algo que as bandas deveriam usar nos espectaculos, porque faz com que os espectaculos ao vivo sejam muito melhores, aliados a boa musica um bom espectaculo visual torna um concerto estrondoso. posso referir como exemplos: Muse e Rammstein. (Sou um bocado suspeito a falar destas duas) Ja assisti a Rammstein ao vivo, sou grand fã mesmo, e mesmo quem não conheça o reportorio todo da banda quem assiste a primeira vez ao vivo quer sempre repetir a dose. O mesmo se deve passar com Muse, esses sim nunca os vi ao vivo, mas assim que eles vierem cá novamente não perderei a oportunidade.

Voltando ao tema. Em Portugal temos exemplos de bandas como os TH que são bandas pras pritas, e que tem como objectivo vender o maximo possivel porque o produto que servem é de curta duração. Basta olhar para as bandas que saem daquela serie com nome de fruta seguida de açucar transmitida pela estação quatro. 11/09/08, 16:56  

Blogger gizmo: aos nossos olhos, não nos vemos inseridos numa "tribo", que pode ser uma variedade de coisas hoje em dia. aos olhos de fora, acabamos por estar. temos que estar, infelizmente estamos todos rotulados. é algo como o talionis disse.
porém, quanto a questão de música, é uma eterna discussão.
na minha forma de ver, penso que perdeu-se um pouco a genialidade de grandes tempos musicais. hoje, devido a fenómenos avassaladores, como referiste, imagem é algo decisivo. concluo que depois de muito artista que vi, defino-os sendo como umas batidas de estúdio, com uma voz de chuveiro. qualquer um pode ser artista. juntam-se dois ou três musicos fenomenais, que consigam tocar de forma eximia e de vento em popa está a carreira de alguém.
e nesse sentido, a qualidade musical é perfeitamente avaliável. é zero. pelo menos para mim.
mas é como qualquer arte... é demasiado subjectivo... avaliar algo é um juízo e entrariamos na problemática do relativismo.
porém, penso que hoje em dia, a tarefa e a fasquia dos músicos está elevada. isto porque, depois de tantos génios musicais que nos marcaram, vir alguém e mudar algo na música... fazer renascer o rock disfarçado de algo inovador e genial é dificilimo.
e ainda por cima, para nos marcarem como aqueles que já estavam na nossa colecção de cd's.
enfim, muito bem escrito e acaba por ser um pouco uma verdade no mundo da musica. 11/09/08, 23:30  

Blogger Lex: Pertencer a uma tribo só deixa de ser uma realidade quando atingimos a idade adulta, creio eu, quando deixamos de sentir necessidade de nos identificarmos com um grupo - coisa que, quer se goste quer não, existe em todos nós durante a adolescência. Mesmo aqueles indivíduos mais isolados não escapam ao rótulo de geek, ou coisa que o valha, verdade? :-P

Mas mesmo quando deixamos as tribos para trás, a música permanece em nós, se realmente a sentirmos com intensidade. No meu caso: pus o preto de lado, guardado só para quando se justifique; caveiras e cruzes invertidas não são comigo, e botas de tropa ficam-me mal. No entanto o Metal está cá dentro tal como quando eu tinha 15 anos. Aliás, está mais forte agora do que nessa altura, para dizer a verdade.

Não sei nem me interessa possuir a verdade absoluta sobre a qualidade da música. Não imponho a que eu ouço a ninguém lá por achar que é a melhor, embora faça por me poupar a ouvir aquela que considero 'lixo', ainda que seja adorada por milhões de pessoas. Mas isso não quer dizer que o seja, de facto. Poderá apenas sê-lo na minha opinião muito pessoal, tal como o Metal é, para a maioria das pessoas com quem me cruzo diariamente... lixo, precisamente.
Ora, como a minha opinião vale tanto como a do gajo ali do lado, resta-me encolher os ombros e seguir o meu caminho, de fones nos ouvidos, viver e deixar viver. Sem complicar. :-) 12/09/08, 00:24  

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