... and Metal for All: Kings of Metal
publicado por Lex

Ridículos. Ultrapassados. Gays. Mortos.

Já perdi a conta às vezes em que ouvi chamar qualquer um destes adjectivos à banda de que hoje vos vou falar. E de cada uma dessas vezes, eu apenas reagi encolhendo os ombros e parafraseando JC: "Perdoai-lhes, que eles não sabem o que fazem".
O facto de sempre terem apostado numa voz de timbre elevado não faz deles gays. O facto de practicamente não terem alterado a maneira como fazem e sentem a música desde os anos 80, não significa que estejam mortos. Mas já no que respeita à acusação de ultrapassados, a defesa não é tarefa fácil... Resta o recurso de que, apesar disso, continuam bons.
Ah, e aquela capa de álbum onde aparecem com tangas não abona nadinha para rebater a acusação de ridículos, mas foi apenas uma fase... É, até foi sem intenção, eram novos, e tal... Ok, aquilo é muito mau. :-s Mesmo mau. Mas adiante.

Para quem ainda não descobriu, hoje trago-vos os Manowar, mito do Metal mundial, inspiração incontornável de muitos líderes de bandas de hoje em dia, e banda que ainda arrasta milhares de fans a qualquer concerto que faça... Quisera eu ter estado no último grande evento que protagonizaram, este Verão na Alemanha: o "Magic Circle Festival", uma maratona de 4 dias de concertos, durante a qual tocaram nada menos que os seus primeiros 6 álbuns, na íntegra! Um sonho só ao alcance de alguns, como sempre... Saibam mais neste link, porque se eu fosse a falar só deste festival, não saía daqui, e há mais a dizer sobre os Manowar.

Amada e odiada (ou antes invejada?), a banda liderada por Joey DiMaio e Eric Adams (nunca sei dizer qual dos dois é realmente o frontman ali) já anda a rodar as estradas do mundo inteiro desde 1980, e no entanto ao vê-los hoje, uma pessoa fica com a ideia de que não se passou um ano sequer sobre essa altura. As caras podem já não estar tão jovens, a genica se calhar também já não será a mesma, mas - caraças - o espírito manteve-se igual, a voz não se alterou muito e o talento está todo lá. Mas sobretudo o espírito.
São autores de alguns dos maiores hinos com que o Metal pode contar, entre os quais "Battle Hymns", "Kill with Power", "Sign of the Hammer", "Carry On", "Hail and Kill", "Master of the Wind", "Brothers of Metal", "Warriors of the World United"... Podia continuar a noite toda a enumerar músicas imortais.
Mas imortais porquê, afinal? "Qual a razão de tanta admiração por estes gajos tão caricatos?", perguntarão alguns.
A razão é muito simples, mas nem todos a poderão entender.


"Battle Hymn" no Earhtshaker Festival em 2005. Fabulosa. Três baterias em palco, Harleys à discrição e todos os membros da banda, passados e presentes.

Quem gosta de Manowar é quem neles reconhece a expressão mais pura do que é o Heavy Metal, ou do que ele deveria ser. A filosofia que deu origem ao Heavy Metal nos finais dos anos 70 persiste ainda e sempre nesta banda e nos seus membros, sempre com um tom épico à mistura. O companheirismo - mais que isso, a irmandade - entre metaleiros, a cerveja, as mulheres, as motas (uma das suas entradas em palco mais famosas era em cima de uma Harley-Davidson)... e uma especial dedicação aos fans. Claro que eles já não põem os pés em Portugal há uma carrada de anos, mas por momentos vamos fingir que estamos no mesmo patamar de igualdade com o resto da Europa, shall we? :-P

Quando ouço Manowar é como se redescobrisse uma inocência há muito perdida, no que à música diz respeito, por várias razões. Primeiro, porque damo-nos conta que afinal ainda existe quem faça música à revelia das vontades do mercado (senão eles não tinham editado este último "Gods of War", por exemplo); segundo, porque das mãos destes senhores sai um som que, de tanta qualidade, chega a aproximar-se de música clássica (fenómeno de que já falei aqui no Galáxia pelo menos um par de vezes); e terceiro, porque eles transportam-nos para a década dourada do Metal, há 20 anos atrás. A época da inocência, do meu ponto de vista. O tempo anterior ao aparecimento dos 'nus', o tempo em que as bandas ainda se formavam por amor ao Metal e se calhar não tanto por amor à fama... O tempo em que era difícil passar a palavra porque não havia Hi5 nem YouTube por onde espalhar os mp3 através dos amigos. O tempo em que o som era crú e duro e genuíno e sentido. Não que hoje não exista quem ainda toque assim, mas foi nos anos 80 que tudo isso surgiu, foram ali os primórdios, e isso não há sucessor que apague.

Mas há coisas nos Manowar que ainda nos fazem franzir o sobrolho.
Coisas como as eternas poses à Conan, como as indumentárias que na altura eram fixes mas que agora são demodés... Mas mesmo assim, essas coisas fazem parte daquilo que são os Manowar, e a gente acaba por lhes achar uma certa piada. Uma piada quase mórbida, mas ainda assim...

Pass: galaxiamusica.blogspot.com

1. Wheels of Fire (04:10)
2. Kings of Metal (03:45)
3. Heart of Steel (05:11)
4. Sting of the Bumblebee (02:50)
5. The Crown and the Ring (Lament of the Kings) (04:50)
6. Kingdom Come (03:56)
7. Hail and Kill (05:59)
8. The Warrior's Prayer (04:20)
9. Blood of the Kings (07:30)

... e ainda uma faixa bónus para descobrirem, lá pelo meio
.



"Hail and Kill"


Manowar não é para toda a gente, não há como negá-lo. E para quem apenas agora começar a ouvi-los, digo que é necessária uma predisposição especial e muita capacidade de contextualização. Convém ter em atenção a época em que as suas melhores músicas foram feitas, retirar daí o seu valor e o seu espírito e trazê-los ao presente.

O certo é que apesar de todas as críticas, esta banda continua a bater records (tanto de público como de duração dos concertos ou de decibéis debitados ao vivo), continua na estrada, continua a gravar originais e a espalhar a palavra do Metal por todo o lado onde vá. Uma das suas últimas odes ao Metal está no mais recente "Gods of War" e é uma música que não podia explicar melhor o que é este modo de vida: "Die for Metal".

Die for Metal (Bonus Track) - Manowar

Mas passados todos estes anos, há um tema cujo simbolismo e importância para esse mesmo modo de vida nenhum outro conseguiu ainda ultrapassar.

Deixo-vos com a imortal "Brothers of Metal", da qual quero destacar um excerto que pode muito bem resumir tudo:

Brothers of metal
We are fighting with power and steel
Fighting for metal, metal that's real
Brothers of metal will always be there
Standing together with hands in the air

Let us drink to the power, drink to the sound
Thunder and metal are shaking the ground
Drink to your brothers who are never to fall
Were all brothers of metal here in the hall

Our hearts are filled with metal and masters we have none
And we will die for metal, metal heals, my son

Um grande hail aos Manowar, votos de que continuem por muitos anos, e também de que não morram sem me darem uma oportunidade de os ver ao vivo.

\m/

Etiquetas: ,




Página Inicial
Blogger Thaurer: sou adepto incondicional da banda, mas devo dizer k com capas de albuns onde eles aparecem vestidos á gladiadores, só ali de tanga, ha k dizer k nao foram momentos de gloria pra eles.

mas sao sem duvida os reis.

mas é como se diz:

they cant stop us
let 'em try
for heavy metal
we will die!


eu só gostava era de ter estado no concerto deles em portugal (o ultimo, nao sei se unico) em k o publico cantou todo a peito aberto o "heart of steel"
só de ver no tube deixa-me arrepiado
(e a musica é muito melhor ao vivo que no album) 15/11/08, 00:11  

Blogger Thaurer: ps:

mas tamem, nao é por acaso k nas regras do (power) Metal diz assim:

45 - "Although your costume does not require corpse paint, it will require a cape, lots of jewelry, and the aforementioned swords."
46 - "Unless you are Manowar, in which case you are too metal for clothing."

infelizmente, a seguir diz:

47 - "Come to think of it, don't be Manowar."


eheh 15/11/08, 00:22  

Anonymous Anónimo: Se existem Deuses de Heavy Metal, os Manowar são os profetas! Desculpa, Joey deMaio e o orador de serviço, Eric Adams xD

Comecei a ouvir a banda recentemente, tinha uma ideia um pouco errada deles, de serem uns vendidos e coisas assim. Porém, ao experimentar... é um vício. Agora não consigo imaginar Heavy Metal sem os míticos Manowar. Músicas de guerra, músicas sobre metal, tudo com fogo, aço e ferro.

Também não quero morrer sem os ver uma vez. E sempre será um festim!

Hail, Hail, Hail and Kill! 15/11/08, 17:40  

Blogger Lex: Santyago: ainda bem que conseguiste ver para além da primeira impressão. :-) O mal dos Manowar é que passam uma ideia errada, mutas vezes, a quem se ficar só pelo visual - como comprovam aquelas certas e determinadas poses em tanga de que o Thaurer falou... Desculpemo-los, eram os anos 80, e toda a gente sabe que essa década não primou pela excelência da roupa. :-D

Thaurer: não foi a única vez dos Manowar em Portugal. Houve um memorável concerto no falecido Hard Club, p'raí em 99 (ainda eu andava de cabeça na lua), que chegou mesmo a ter faixas incluídas num dos seus álbuns ao vivo (já não sei se no "Hell on Wheels" ou no "Hell on Stage"). É um momento daqueles em que não temos dúvidas que se pasa em Portugal, porque é a única música em que o público entoa o famoso "ôô-éééé-ôéôéô-ôôôô" :-D Só cá é que isso acontece. 17/11/08, 09:10  

Anonymous Anónimo: Já passaram muitas vezes por Portugal, e existem várias músicas editadas por eles gravadas cá.

No Hell on Wheels são duas, incluindo logo a "principal" (pelo menos para mim é): Hail & Kill. Também tem a Carry On, e já nem sei se não há uma terceira música. Nessa tour tocaram em Cascais e no Hard Club.

Depois no Hell on Stage não tem nada... quer dizer, tem a Crown and the Ring a fechar o 2º CD, no Hard Club, mas já foi só para fechar o concerto, e não é tocada, é gravação (sempre dá para ouvir o público).

Acho que se pode acusar os Manowar de muita coisa, mas vendidos nunca! São talvez das poucas bandas que nunca se vendeu aos sabores das marés comerciais e sempre se mantiveram fieis a si próprios, para o melhor e para o pior.

Excelente apresentação desta magnífica banda, Lex ;). Se escrevesses na Loud talvez eu a voltasse a comprar...

Cumps metálicos \m/ 17/11/08, 14:24  

Anonymous Anónimo: Ah, esqueci-me de dizer: no Hell on Stage havia uma edição limitada, que incluía um terceiro CD com 3 faixas gravadas apenas num país. Sei que havia edição especial para Espanha, França, talvez Alemanha, e também uma para Portugal. Mas não me perguntem quais eram as músicas que aí estavam, mas só prova que há poucas bandas que respeitem os fans como os Manowar. Se calhar é por isso que há poucas bandas com fans como os que os Manowar têm.

Isso que dizes do "ôô-éééé" não é na faixa de música mesmo, é na Warriors of the World, última faixa do CD1 do Hell on Wheels, que são excertos deles a falar com o público em todos os países da tour (e por arrasto, do mundo). E claro, não podia faltar esse cântico :D 17/11/08, 14:27  

2007-2009 Galáxia Musica. Template elaborado e idealizado por Skywriter