A História do Thrash Metal: III e última parte: Subgéneros, mais algumas bandas e a onda revivalista actual
publicado por Pdavis

No texto da semana passada retratou-se a decadência do Thrash, nomeadamente com a clara ascensão de um novo estilo, ou se preferirem um sub-género em afirmação. Falo, como é óbvio, do Groove Metal. No entanto, nem só por esse caminho enveredou o Thrash. Pode-se, inclusivamente, referir que este género acaba muitas vezes por surgir associado ao nascimento do Death Metal, com bandas como Death, Possessed ou Hellhammer, sendo que os segundos lançaram uma demo no ano de 1984 na qual praticavam um thrash um pouco mais obscuro. Aqui o primeiro exemplo dos vários que pretendo deixar hoje. Temos Possessed, com a música Holy Hell, retirada do álbum Seven Churches, um dos grandes percussores iniciais do Death Metal. Nota-se nesta faixa uma contínua influência Thrash. Passemos então ao vídeo:



O Death assemelhava-se, na sua origem, e pelas raízes que já referi, bastante ao Thrash, caracterizando-se porém por uma maior agressividade, tanto musicalmente como liricamente. Estes dois termos surgiram pela primeira vez associados e utilizados juntos numa entrevista concedida pelos Venom, em que, quando interrogados sobre o género musical que praticavam, estes responderam como tocando "Black Metal, Thrash Metal, Death Metal...". Ficava assim criado um rótulo para um novo género que ascendia, ao mesmo tempo que de certa forma se admitiam as raízes. Resta referir ainda que, aquando da decadência já por mim abordada do Thrash, vários foram os colectivos que tentaram uma incursão a este lado mais "negro" do seu estilo predilecto. Sodom, Kreator e, mais tarde, Testament, constituem apenas alguns dos exemplos mais flagrantes. Exemplificando:

Testament - The Burning Times


Sodom - Witching Metal


Passo de seguida a outro sub-género, muito embora já tenha falado deste que se segue. O Groove Metal surgiu na década de 1990, ou seja, no período da decadência profunda do Thrash, Há inclusivamente quem atribua a este novo movimento uma grande quota-parte na quase-morte do thrash. Este novo género caracterizava-se pela relativa lentidão dos ritmos instrumentais, e simultaneamente pelas linhas vocais altamente influenciadas pelo funk, combinando melodias mais groovy às típicas melodias metaleiras. Não me pretendendo alongar muito com este e com a próxima ramificação que vou abordar, vou apenas recorrer a uma das minhas faixas preferidas para exemplificar. Directamente do álbum Burn my Eyes, dos Machine Head, e ao vivo aqui em Portugal:

Davidian


O último a ser abordado é o Crossover Thrash. Este conceito foi utilizado para descrever as bandas que juntaram, pela primeira vez, o hardcore com o thrash. Este Crossover surgiu quando várias bandas de hardcore incorporaram na sua música alguns elementos metaleiros, como a adopção de estruturas musicais complexas, solos e, obviamente, as palhetadas em palm mute. Temos como grandes pioneiros do movimento um grande número de colectivos, dos quais destaco, por preferância pessoal, os Agnostic Front.

For My Family


Retomando a linha de pensamento que pautou esta trilogia de textos em que abordei a história do thrash, vou agora partir para a parte final desse mesmo conjunto. Após anos de obscuridade, o thrash parece finalmente estar a sair de novo da sua toca, aquela que o reteve durante tanto tempo. Para dizer a verdade, volto a defender uma posição que já antes tinha assumido: este revivalismo mais ou menos repentino acaba por se dever mais à acção das editoras do que propriamente a hordas de fãs ou mesmo por vontade das bandas. Naturalmente, ao existir por parte das editoras o empenho para trazer de volta esta onda old school, os resultados surgem por arrasto. Assim, ao longo deste quase findo ano de 2008 assistimos, em êxtase, pelo menos no meu caso, ao regresso em força de algumas das potências. E não falo de Death Magnetic. Esse constitui, na minha humilde visão, apenas um instrumento de esperança para que um dia os Metallica voltem ao que foram. Falo sim de Destruction, Exodus, Testament, só para referir alguns dos nomes. Surgiram novos álbuns no mercado, ou até, no caso de Exodus, regravações. Seja como for, o thrash parece estar de volta, ou pelo menos a tentar voltar. Esperemos, para bem de todos nós, amantes do headbanging, que consiga o regresso.

Acabo esta primeira temática abordada com dois vídeos. Dois vídeos que me fizeram amar o thrash, e estabelecer uma relação eterna com este estilo.

Whiplash


Seek and Destroy


Keep the flame alive

Até para a semana
Dave\m/



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Anonymous Anónimo: Bom meu querido adorei os teus textos... estão brilhantes e mostram efectivamente que és uma pessoa entendida no que toca ao Thrash , como também sabes o que é musica !
Quero ver mais posts teus... adorei a tua crónica!
bjs

p´davis 17/12/08, 20:57  

Blogger Lex: Excelentes vídeos para rematar uma excelente crónica. :-)

A propósito da 'culpa' das editoras neste ressurgimento do thrash, é caso para dizer que elas bem podem parar de se queixar por causa dos downloads, pois parece que continuam com o mesmo poder de sempre, apenas direccionado ligeiramente para outro lado, não é? Afinal, se ainda têm o poder de fazer renascer um género que já toda a gente dava por extinto, de fazer voltar ao activo bandas que todos julgávamos que já estivessem de pantufas e mantinha pelos joelhos em frente à lareira... É porque afinal não estão assim tão fragilizadas. 19/12/08, 10:02  

Anonymous Anónimo: Não é percussores, mas sim pre-cursores. Aliás a palavra analisada ao pormenor tem toda a lógica.

De qualquer maneira uma excelente crónica. ;) 19/12/08, 20:09  

Anonymous Anónimo: Não falta nada pelo que vi. Muitos parabéns ;)

Muito boa crónica esta ;)

Continue com o bom trabalho! 19/12/08, 23:51  

Blogger Pdavis: Obrigado pelos elogios, a todos. Quero também aproveitar para pedir desculpa pelo lapso evidenciado pelo Anónimo, mas aproveito para referir que espero sinceramente que tenha sido apenas um caso pontual.
Quanto ao comentário do Lex, vou abordar esse tema na próxima crónica. Porque há, de facto, muito a ser dito acerca disso, e acima de tudo muito do que eu considero cinismo da parte das editoras nesse tema. 21/12/08, 15:01  

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